Nós aprendemos, diz Carrefour um ano após morte da cadela Manchinha

A morte da vira-lata Manchinha em uma unidade do Carrefour completará um no no próximo dia 28. O caso provocou reações e chamou a atenção para a causa animal. A cadela inspirou projetos contra maus-tratos, deu nome a hospital veterinário e virou rótulo de cerveja.

A repercussão obrigou a rede de supermercados a adotar medidas em prol dos bichos e a treinar funcionários para lidar com animais abandonados nas lojas. “A gente aprendeu”, disse Stéphane Engelhard, vice-presidente de relações institucionais do Carrefour, nesta segunda (4), ao fazer um balanço das ações adotadas.

“Nós fomos pegos de surpresa. Essa situação poderia acontecer em qualquer lugar, com qualquer varejista no Brasil. Aconteceu com a gente, e nós aprendemos muito”. Segundo ele, a empresa aprendeu a lidar com situação e se engajou para realizar ações pelos animais.

Para Engelhard, o abandono é um problema social e o Carrefour não resolverá a questão sozinho. “Mas estamos liderando este movimento”, diz.

Entre as ações adotadas pelo grupo desde a morte da cadela estão mutirões de castração em parceria com a Ampara, doação de ração, campanha abril laranja —contra maus-tratos–, eventos de adoção e treinamento de funcionários e terceirizados. O Carrefour também firmou acordo com o Ministério Público e depositou R$ 1 milhão em fundo criado em Osasco (SP) para castrações, compra de medicamentos e de ração.  Segundo a rede, 5.800 cães e gatos já foram beneficiados pelas ações no país, o que inclui mais de 2.000 castrações.

Engelhard admite que a morte impactou a imagem da rede, mas afirma que a empresa se mobilizou para entender o que deveria ser feito e se engajou na causa. “Foi um marco para o Carrefour”, afirma.

TREINAMENTO E RESGATE

Depois do caso Manchinha, funcionários e terceirizados passaram por treinamento para receber animais de rua que chegam às lojas –são cerca de 300 no país. O objetivo é evitar abordagem desastrosa, como aconteceu em Osasco há um ano e que resultou na morte da vira-lata. Na ocasião, houve reação nas ruas, com protestos, e nas redes sociais –foram cerca de 600 mil comentários nas redes da empresa em dezembro do ano passado, a maioria negativos –normalmente são 30 mil comentários por mês.

A ideia, agora, é abordar corretamente e acionar a ONG parceira para o acolhimento. Nesse último ano, foram identificados 300 animais abandonados em lojas. No período, 174 foram resgatados.

Engelhard é cauteloso e evita afirmar que o caso não se repetirá, mas afirma que estão “fazendo de tudo” para não acontecer novamente.

RELEMBRE O CASO

Manchinha vivia na unidade do Carrefour de Osasco e era alimentada por funcionários. A vira-lata morreu em 28 de novembro, após ser agredida por um funcionário terceirizado.

Ele disse ter sido orientado a retirar a cadela da loja e afirmou que não tinha a intenção de machucá-la. A prefeitura também foi criticada na ocasião, pela forma como agentes do Centro de Zoonoses capturaram Manchinha, que já estava ferida e muito assustada.

O funcionário foi afastado logo após o caso. A empresa terceirizada teve contrato rescindido.

O inquérito da Polícia Civil foi concluído e encaminhado para a Justiça em dezembro do ano passado, apontando o segurança como responsável pelos maus-tratos. Segundo o Ministério Público, foi solicitado à Justiça em agosto que a prefeitura indicasse uma associação protetora de animais para que o homem pudesse prestar serviços –uma medida de cunho pedagógico. No entanto, ele mudou de endereço, o que atrasou o processo, embora a alteração de local tenha sido indicada em cartório. Agora, os autos devem retornar à Promotoria, que solicitará que a medida seja cumprida na atual cidade de residência.

O caso reacendeu a polêmica em torno da punição para maus-tratos contra animais. O crime é considerado de menor potencial ofensivo, ou seja, tem pena prevista inferior a dois anos, normalmente convertida em prestação de serviço. Após a morte, avançaram na Câmara e no Senado projetos que elevam as punições.

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