Após caso Manchinha, Carrefour lança plataforma em prol dos animais

Seis meses se passaram desde a morte da cadela Manchinha e, desde então, o caso motivou discussões sobre maus-tratos e levou o Carrefour a adotar medidas em prol da causa animal.

A mais recente é o lançamento de um blog sobre o tema. Nesse canal, a rede de supermercados planeja promover conscientização sobre guarda responsável, além de usar o espaço para informar sobre suas ações. Terá, ainda, um calendário com eventos de adoção.

Alvo de protestos e cobrada por defensores dos animais após a morte da vira-lata —agredida em uma loja em Osasco (Grande SP)–, a empresa foi obrigada a rever procedimentos e a investir em medidas voltadas a cães e gatos em situação de vulnerabilidade.

Entre as iniciativas já adotadas pela rede estão o monitoramento de animais abandonados na região das lojas, treinamento de funcionários e prestadores de serviço, castrações e a realização de feiras de adoção. Uma parceria com a Ampara Animal foi fechada no fim do ano passado para auxiliar em ações internas e externas.

Em março, um acordo com o Ministério Público definiu que a empresa depositará R$ 1 milhão em um fundo destinado a castrações, compra de medicamentos e de ração. A criação, pelo município de Osasco, já foi aprovada pelos vereadores. Depois de instalado, a Promotoria deve ficar responsável por fiscalizar a utilização e destinação do dinheiro.

Stephane Engelhard, vice-presidente de relações institucionais do Carrefour Brasil, afirma que a marca está empenhada e que a nova plataforma será ferramenta para dar transparência às ações realizadas e para a conscientização da população.  “Queremos, de fato, transformar essa triste realidade no Brasil.”

BALANÇO

A rede não informa quanto investiu em ações desde o caso Manchinha. Mas afirma que, desde o começo do ano, foram viabilizadas 889 castrações. O hipermercado diz ter doado mais de 8 toneladas de ração para ONGs ligadas à Ampara, parceira que contribui com a organização de um evento de adoção por mês. Junto à Comissão Manchinha, que atua diretamente em Osasco, apoia eventos mensais para que os pets encontrem um lar e mutirões de castração.

O trabalho de monitoramento de animais em áreas de lojas já identificou ao menos 15 cães e 371 gatos, em São Paulo e no Rio. A ideia é que protetores acolham os cães e que, depois de tratados, sejam colocados para adoção.

Além do treinamento de funcionários, as ações educativas envolvem a produção de vídeos e cartilhas sobre identificação e combate aos maus-tratos animais. No segundo semestre, a empresa afirma que apoiará, via Lei de Incentivo à Cultura, o projeto “O Mundo Animal de Bibi”, com vídeos e livros voltados ao público infanto-juvenil sobre a importância do amor e respeito aos animais. Esse material deve ser distribuído em escolas públicas de diferentes regiões do país.

RELEMBRE O CASO

Manchinha vivia na unidade do Carrefour de Osasco e era alimentada por funcionários. A vira-lata morreu em 28 de novembro, após ser agredida por um funcionário terceirizado.

Ele disse ter sido orientado a retirar a cadela da loja e afirmou que não tinha a intenção de machucá-la. A prefeitura também foi criticada na ocasião, pela forma como agentes do Centro de Zoonoses capturaram Manchinha, que já estava ferida e muito assustada.

O caso reacendeu a polêmica em torno da punição para maus-tratos contra animais. As penas são consideradas brandas e, após a morte, avançaram na Câmara e no Senado projetos que elevam as punições.

Em fevereiro, a cadela deu nome ao primeiro Hospital Veterinário Público na cidade.