Idosa diz se arrepender de agredir Ambrósio; deputada quer impedir que ela tenha a posse do cão
Atualização – 07/09/2016 – Ambrósio, o cachorro agredido no ES, ganha novo dono
Atualização: 03/09/2016 – Ainda em tratamento, cão agredido no ES deve ter alta agora em setembro
O cão agredido no final de julho em Cachoeiro do Itapemirim (ES) se reencontrou nesta sexta-feira (19) com sua dona, que foi flagrada em vídeo golpeando o animal. Em sessão da CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, realizada na Câmara da cidade, a aposentada Cremilda da Silva Conceição admitiu ter cometido um crime, mas disse não se lembrar de que aconteceu.
Questionada pela deputada Janete de Sá (PMN), presidente da CPI, a mulher confirmou ser a dona do animal e afirmou que o espancamento aconteceu porque teve um surto.
O cão foi levado à sessão a pedido do médico veterinário Marcos Lesqueves, que está cuidando dele desde a agressão. “Ficou comprovado que o cachorro agredido é um animal dócil e tem se recuperado da injusta agressão que sofreu”, disse a deputada.
Segundo sua assessoria, a parlamentar vai pedir ao Ministério Público que a aposentada e seus familiares sejam impedidos do direito de posse do cachorro agredido e de outros dois que foram retirados da casa e encaminhado para o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).
A deputada afirma que irá sugerir no relatório final que Cremilda seja condenada a prestar serviços em ONGs.
“O que mais nos comoveu foi o fato de, apesar de brutalmente espancado, Ambrósio não apenas reconheceu a ex-dona como também balançou o rabinho, perdoando-a”, escreveu em rede social a ONG Patas de Rua, que acompanha o caso.
O vídeo abaixo mostra o momento do reencontro entre o cão e a tutora durante sessão da CPI:
AMBRÓSIO
As imagens da agressão foram publicadas nas redes sociais e provocaram comoção. No vídeo, o cachorro aparece preso a uma corda enquanto apanha.
Ele se recupera bem, mas ainda é medicado –Ambrósio também teve diagnóstico positivo para a doença do carrapato.
Segundo Fernando da Costa Ghio, presidente da ONG Patas de Rua, o quadro clínico é estável, embora o olho esquerdo ainda inspira cuidados.
“O pedaço de madeira utilizado perfurou o globo ocular. O Ambrósio fez exame de fundo de olho em clínica oftalmológica da cidade e ainda é cedo para se concluir pela perda da visão, mas a possibilidade existe”, afirma.
Como parte do tratamento, o cão mantém repouso. “Ele ainda precisa calcificar as lesões no crânio. Ainda tem limitações motoras, em particular no equilíbrio, mas anda sozinho e hoje passeia com cuidadora da clínica ao menos três vezes ao dia”, afirma Ghio.
Na ocasião das agressões, a aposentada foi levada para a delegacia, assinou um termo circunstanciado e foi liberada.
Ela teria dito que o cachorro é agressivo e que tomou a atitude após uma vizinha reclamar que o animal havia mordido uma pessoa.
Sob tutela do veterinário Marcos Eugênio Lesqueves, o cão ganhou o nome de Ambrósio em homenagem ao médico que doou os exames para o bichinho –antes, era chamado de Campeão.
De acordo com Ghio, Ambrósio continuará na clínica particular até a consolidação das lesões. “Quando tiver alta, será submetido a processos de adoção criterioso”.
Ghio afirma que, perante à CPI, a aposentada abriu mão da tutela do cão, alegando que ele trouxe problemas, mas não dos outros dois cachorros –atualmente sob cuidados do CCZ. “A CPI tomará as medidas judiciais necessárias para retirar da Cremilda, observando os critérios legais, a tutela do Ambrósio e dos outros dois animais.”