Conheça brincadeiras e saiba como entreter seu cachorro na quarentena
Cachorro gosta de passear, de brincar no parque, de farejar pelo caminho. Ele também adora o convívio com a família, mas o isolamento social imposto pelo novo coronavírus e a falta de atividades podem afetar o animal.
Para o especialista em comportamento canino Ricardo Tamborini, o confinamento leva a tédio e estresse. A destruição de objetos em casa é uma das possíveis consequências.
Cachorro lambendo demais a pata é sinal de ansiedade. “Está faltando atividade para esse cãozinho”, afirma.
Tamborini lembra que passeios são importantes até para a socialização, mas propõe que, neste momento de circulação reduzida, o tutor crie brincadeiras em casa para manter os bichos saudáveis.
A presença da família 24 horas por dia pode trazer consequências ao final da quarentena. Para Daniel Svevo, veterinário e sócio-diretor da Cão Cidadão, há risco de o animal sofrer ansiedade de separação quando os tutores voltarem ao trabalho. Isso faz com que o animal desenvolva angústia de ficar sozinho e pode desencadear comportamentos como latir, uivar, raspar a porta e errar o banheiro.
“Para que isso não aconteça, é importante que o tutor, mesmo em casa, continue estimulando a independência do cão com atividades para o pet se ocupar sem a sua presença —brinquedos e ossos, por exemplo. Além disso, a manutenção da rotina é importante: os treinos e adestramento, horário de alimentação, horários de passeio e brincadeiras devem ser mantidos”, diz.
O veterinário lembra que atividades dentro de casa não substituem o passeio, mas podem dar vazão à energia acumulada.
Thaís Matos, veterinária da DogHero, diz que uma maneira de reduzir o impacto da mudança de rotina é buscar formas de entretenimento, além de dar um pouco mais de atenção aos animais, para que se sintam seguros e confortáveis e aproveitem ao máximo o momento em que não podem sair.
COMO MANTER O ANIMAL ENTRETIDO?
São várias as formas de entreter o animal em casa. Svevo sugere brincadeiras usuais, como jogar bolinha, esconder o brinquedo, e até treinos de sentar, deitar e rolar —quando orientados e recompensados.
Para Thaís, o tutor pode investir em enriquecimento ambiental, com brincadeiras e brinquedos inteligentes, que incentivem o pet a descobrir como obter a comida. Assim, ele vai se distrair e gastar energia.
Já Tamborini aposta em dar bastante carinho ao animal nesse período. Mas alerta que ele pode entender errado o excesso de atenção e apresentar problemas de comportamento, como latir à toa. Por isso, diz, vale dar bronca na hora certa, se necessário.
GATOS
Gatos sofrem menos com o isolamento social, mas a mudança da rotina dentro de casa, com mais gente e barulho, podem deixar o bicho incomodado.
Arranhadores, brinquedos —mesmo que seja uma bolinha de papel amassado— e verticalização do ambiente são formas de agradar aos felinos. Prateleiras, bancos e rotas de acesso em locais altos deixam os gatinhos bem felizes e entretidos.
PARA BRINCAR COM SEU CACHORRO
Veja abaixo dicas dos três especialistas para não deixar seu cão entediado:
-Adestramento – O treino de comandos costuma envolver também toda a família. A ideia é procurar induzir os movimentos dos comandos com um petisco na mão bem na frente do focinho do cão, para que ele siga seu movimento e aprenda a sentar, deitar, cumprimentar, rolar.
-Banho – sua casa tem quintal? Em dias quentes, brincadeiras com água são divertidas. Muitos cães adoram a bagunça de serem molhados e de tentar morder o jato d’água. Lembre-se de secá-lo muito bem depois.
-Bolinha – a maioria dos cachorros gosta de trazer de volta o brinquedo arremessado por alguém. Ele não quer devolver? Nesse caso, o tutor pode ter duas bolinhas: joga uma e, quando o animal estiver com o brinquedo na boca, mostra a outra. Nesse momento, basta quicar a bolinha perto do pé e, aos poucos, o animal deve se aproximar. A troca será feita aos poucos. Outra dica para devolver a bolinha é usar petisco ou ração. O brinquedo deve ser de tamanho médio —o cachorro não conseguirá pegar se for grande demais e corre o risco de engolir se for muito pequena— e pode ser substituído por outro objeto que o pet goste —desde que não apresente risco para a saúde dele.
-Brinquedos interativos – basta rechear o produto e deixar que o animal se alimente e passe o tempo. Prefira ração, pois petiscos podem ter muita proteína e, em excesso, causar diarreia. Outra maneira de entretê-lo é fazer furos em uma garrafa pet e colocar um pouco de ração, que cairá conforme o movimento. As brincadeiras devem ser supervisionadas, já que o animal pode partir e levar à boca peças do produto.
-Cabo de guerra – Pode ser uma corda ou um brinquedo próprio. Deixe que ele puxe de um lado com os dentes enquanto você puxa o outro com as mãos. De vez em quando, deixe o cachorro vencer. Tome cuidado para colocar força demais e machucá-lo. Ao final, fique atento para que ele não morda demais a corda e, consequentemente, tenha risco de ingerir o objeto.
-Esconde-esconde – Coloque petisco em locais de fácil acesso na casa, como no cantinho de um sofá. O animal usará o faro para se divertir. Outra opção é deixar o cão preso ou em comando de “fica” enquanto as guloseimas são escondidas pela casa. Liberado, ele passará alguns minutos em sua “caça ao tesouro”. Quando encontrar, você pode reforçar o carinho para que ele entenda que fez algo legal.
-Escovar o pelo – não é exatamente uma brincadeira, mas o cachorro vai gostar do contato das mãos. Além disso, é o momento de perceber se há machucadinhos na pele, pulgas ou carrapatos.
-Pula-pula: É uma boa forma de se exercitar. Pegue algum objeto que o cachorro goste e mantenha a uma altura em que ele só alcance se pular. Quando se aproximar, erga um pouco mais para dificultar a brincadeira. Caso ele consiga alcançar o objeto, dê uma recompensa, como um petisco ou o próprio brinquedo.
(Foto no meio do texto: A cadela Augusta/ Catarina Pignato)*
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