Cães policiais latinos são treinados para detectar coronavírus
Com olfato apurado, cães têm sido treinados em diferentes países em meio à luta contra Covid. Eles farejam amostras e aprendem a identificar o coronavírus.
A aposta já foi colocada em teste nos aeroportos de Dubai e da Finlândia. Rússia e França também investiram nos peludos contra a pandemia. Agora, projetos na América Latina usam cães policiais, que poderão patrulhar aeroportos e postos fronteiriços.
Leia reportatem de Ignacio Carvajal, da AFP:
Especialistas em encontrar drogas, armas e corpos, os cães policiais latinos são treinados atualmente para detectar o novo coronavírus. Vários projetos estão em andamento, como o da polícia de El Salvador, que compartilhou sua experiência durante uma formação de brigadas caninas de sete países na cidade mexicana de Xalapa.
O olfato apurado dos cães torna possível que eles detectem o vírus, segundo estudos nos quais seu adestramento se baseia. A iniciativa salvadorenha usa aromas artificiais que lembram o suor de uma pessoa infectada.
“É algo delicado, pois parece que as cepas mudam muito, mas conseguiu-se sintetizar as já conhecidas, foram retirados ‘pseudoaromas’ para treinar os cães”, explica Wilber Alarcón, especialista no manejo de agentes caninos da polícia antinarcóticos de El Salvador. Segundo ele, a preparação dos cães mostrou grande eficácia na identificação de compostos associados ao novo coronavírus.
A previsão é de que, em três meses, um esquadrão de 15 animais comece a patrulhar aeroportos, terminais de ônibus e postos fronteiriços. Os pseudoaromas também são usados para que os cães aprendam a detectar drogas ou explosivos.
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Programas semelhantes existem em outros países da região, como Argentina, Chile, Colômbia e México. Em Sonora, neste último, autoridades e associações privadas já contam com seis cães atuantes, e preparam cerca de 30, informa Juan Mancillas, líder da Caninos contra a Covid. Os animais são das raças golden retriever, labrador, pastor alemão e pastor belga.
O uso de cães contra a doença se estende a cerca de 20 países, como França, Estados Unidos e República Tcheca, onde o rendimento dos animais é colocado à prova com diferentes tipos de amostras, que remetem a campos variados da Covid-19. Trata-se de uma ferramenta veloz e eficaz para romper cadeias de contágios, se considerado, por exemplo, o tempo que leva um teste de laboratório.
Citando um estudo americano de uma década atrás, adestradores tchecos explicaram que os vírus alteram o tecido humano e afetam o olfato do paciente, o que é detectado pelos cães.
INFALÍVEIS
O trabalho desses animais na pandemia aumenta ainda mais seu prestígio olfativo, demonstrado na detecção do câncer e na luta contra a criminalidade. Os exemplares da Companhia K9, força de elite do governo de Veracruz, ostentam dezenas de certificações e campeonatos, a ponto de um desses cães custar US$ 24 mil (cerca de R$ 130 mil).
A capacidade desses agentes é tamanha que, em 2020, eles conseguiram detectar um carregamento de maconha coberto com camadas grossas de graxa para motor e café. Em 2016, localizaram um corpo enterrado a três metros de profundidade, um recorde nacional.
“São animais infalíveis, nunca erram. Os humanos erram”, resume Daniel Valentín Ortega, instrutor da Companhia K9.
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