Como proteger seu pet do barulho dos fogos

Embora muitas cidades tenham cancelado as festas de Réveillon devido à pandemia e outras proíbam fogos com estampidos, queimas vão ocorrer pelo país na virada do ano e incomodar, sobretudo, os pets. As explosões podem provocar medo e desorientação em cães e gatos, que têm audição sensível.

“O barulho é muito mais alto para eles do que para nós, o que gera estresse e libera diversas substâncias no organismo. Com isso, alguns podem ficar agressivos, enquanto outros tentam se esconder, podendo se machucar”, afirma o médico-veterinário Márcio Mota, presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinaria de SP).

Ele conta que já atendeu casos de pets que se machucaram ao tentar escapar. Um atravessou uma porta de vidro. “O cão ficou preso, tivemos que anestesiá-lo e chamar os bombeiros para cortar a porta e conseguir tirar o animal de lá”, diz. Entre outros riscos estão o peludo bater a cabeça, sofrer quedas de varandas, fraturas, fugas e atropelamentos.

Animais cardíacos, com insuficiência respiratória, doenças renais, crônicas ou em período pós-operatório podem sofrer ainda mais —e há risco de parada cardiorrespiratória e morte.

Para a veterinária Adriana Souza dos Santos, clínica-geral da AmahVet, o adestramento ou o uso de terapêuticos —como os florais— podem ajudar a aliviar o estresse. No entanto, o veterinário deve ser consultado para indicar o melhor tratamento para cada animal. Além disso, o efeito pode não ser imediato –o tutor deve se programar com antecedência caso os episódios de ansiedade no animal sejam recorrentes nesta época.

O ideal é que o pet seja submetido a uma dessensibilização meses antes de eventos com muito barulho —como Ano-Novo ou finais de campeonatos de futebol. Vídeos de fogos de artifício podem ser usados antes das festas para o preparo do animal. Mas, se não houve tempo para o treinamento, algumas dicas ajudam a amenizar o sofrimento (veja abaixo).

Antes de mais nada, deixe o pet com identificação –com nome e telefone para contato, para caso de fugas. Em casa, transmita tranquilidade, aja de forma natural e tente entreter o animal com o brinquedo preferido. Mas não force situações desconfortáveis: se ele preferir se abrigar sob algum móvel, apenas monitore.

Para quem busca conforto para o peludo, o método Tellington Ttouch é bem conhecido, mas polêmico. Ele consiste em enfaixar áreas do corpo do bichinho para que a circulação sanguínea seja estimulada, diminuindo, assim, as tensões e a irritabilidade. Especialistas, no entanto, alertam que, se não aplicada corretamente, a técnica pode causar desconforto e deixar o animal mais estressado. O ideal é que ela seja testada antes da queima de fogos para avaliar a reação do pet e para que ele se acostume com as faixas –e não associe o método apenas ao tormento do barulho. Também vale conversar com o veterinário sobre essa possibilidade e tomar cuidado para não apertar demais o tecido.

*
Veja abaixo sugestões do CRMV-SP e da veterinária da AmahVet:- Durante o dia, antes da queima dos fogos, saia com o pet para passear e estimular brincadeiras para gastar energia;

– Transmita tranquilidade e carinho;

– Deixe o pet dentro de casa, com portas e janelas fechadas, que ajudam a isolar o local dos ruídos e também para evitar fuga. É importante que o animal fique sem acesso a varandas, rotas de fuga ou móveis e objetos que ele possa saltar ou se machucar. Lembre-se de libertar o peludo assim que o barulho cessar;

– Deixe no espaço tudo que o animal mais gosta, como cama, cobertores e brinquedos. Caixas de transporte devem ficar à disposição para que ele possa se refugiar nos momentos de medo;

– Não use guias ou correntes. Em pânico, os animais podem correr e se enrolar, elevando o risco de enforcamento acidental. As coleiras devem ser mantidas, com identificação do nome do animal e telefone para contato;

– Caso esteja habituado a ouvir sempre TV ou rádio, deixe ligado no ambiente, pois isso ajuda a disfarçar o som dos fogos e faz com que o animal sinta familiaridade e acolhimento;

– Cães e gatos não devem ser postos juntos nesses momentos, pois podem atacar um ao outro;

– Quem tem gato deve tomar maior cuidado com espaços entre os móveis, sofás articulados, baús, ou qualquer espaço onde o felino possa ficar preso ao tentar se esconder, já que é algo que costumam fazer em situações de insegurança;

– Com delicadeza, coloque algodão parafinado (hidrófobo) no ouvido do seu pet somente minutos antes do barulho e retire quando terminar a comemoração. Existem também fones de ouvido e protetores de orelha próprios para cachorros;

– Caso o pet seja muito agressivo, consulte o veterinário de confiança e converse sobre a possibilidade de ministrar um calmante na ocasião. Porém, isso deve ser feito apenas em último caso e com acompanhamento profissional.

*

Siga o Bom Pra Cachorro no Facebook, no Instagram ou no Twitter.

Quer ver a história do seu pet publicada ou quer sugerir reportagem? Mande para bompracachorroblog@gmail.com  ou marque no Instagram