Sete cidades brasileiras levam prêmio Amiga dos Animais; conheça
Sete municípios brasileiros estão entre os nove vencedores do prêmio Cidade Amiga dos Animais, que reconhece estratégias inovadoras de manejo humanitário de cães e gatos na América Latina.
Os ganhadores foram anunciados na terça-feira (20) pela ONG Proteção Animal Mundial. Os premiados, neste ano, não foram listrados em um ranking por colocação, mas separados por categorias. Eram nove, e os candidatos puderam se inscrever em todas que apresentavam projetos —foram analisados mais de 150.
Curitiba foi escolhida como vencedora geral, pois conquistou duas categorias: 1) estruturas e políticas efetivas e sustentáveis; 2) prevenção e atendimento a maus-tratos contra animais. O município receberá R$ 25 mil em equipamentos veterinários ou treinamentos de capacitação para melhorar as ações de manejo.
Os outros vencedores são (veja abaixo o detalhamento):
– Ponta Grossa (PR), na categoria saúde pública de qualidade;
– Cidade do México (México), no gerenciamento de conflitos entre animais de companhia e animais silvestres e/ou de fazenda.
Para valorizar e difundir as iniciativas, a ONG publicará um livro digital com as nove melhores estratégias de manejo, que será distribuído gratuitamente em português e espanhol. Além disso, os vencedores também receberão uma placa de reconhecimento e serão convidados a participar de um encontro virtual para compartilhar suas experiências com gestores municipais.
No ano passado, venceram Bogotá (1º lugar), Conselheiro Lafaiete (2º lugar) e São Paulo (3º lugar).
POR QUE GANHARAM
Confira as ações que levaram as cidades a vencer o prêmio, segundo a ONG:
– Curitiba (categoria Estruturas e políticas efetivas e sustentáveis)- cidade criou em 2005 um Conselho Municipal de Proteção aos Animais, com representantes de diferentes secretarias e sociedade civil; tem desde 2009 projeto bem estruturado de manejo e, desde 2011, possui legislação relacionada aos maus-tratos com previsão de penalidades, proíbe a criação de animais e regulamenta a venda de cães e gatos, exigindo que sejam microchipados e castrados. Um decreto de 2015 instituiu a Política Pública Continuada de Controle Populacional de Cães e Gatos e também o Dia Municipal da Prevenção à Mordedura Canina. Lei de 2018 criou no município o “dezembro Verde prevenção do abandono”.
– Curitiba (categoria prevenção e atendimento a maus-tratos contra animais) – tem lei desde 2011 e equipe especializada que atenderam 4.307 denúncias em 2019 com 662 apreensões. Porta da prefeitura aceita denúncias anônimas. Conta com grupo multidisciplinar para atender acumuladores e faz vistoria de criação e comércio irregular.
– Jundiaí (controle da densidade populacional e da taxa de renovação) – criou em 2011 o Debea, que realiza o controle populacional através de diversas medidas, como mutirões de castração feito por empresas terceirizadas e castrações permanentes na sede do órgão. Tem projetos com os animais de moradores em situação de rua e com os cães comunitários. Investiram em protocolos de anestesia e cirurgia nos últimos anos. Números de castrações e a procura por ela têm crescido –foram 2.080 em 2015 e a previsão para este ano é de 3.347. Foi implantado sistema informatizado que permite a priorização automática de casos onde há maior potencial reprodutivo, como residências com animais de sexos diferentes e acumuladores. Teve destaque também o trabalho organizado de CED (Captura, Esterilização e Devolução), com a participação ativa de munícipes, protetores e ONGs. Com fichas de identificação das colônias, responsáveis, monitoramento e orientação para veterinários utilizarem métodos universal de marcação de gatos esterilizados.
– Conselheiro Lafaiete (categoria bem-estar dos animais em situação de rua) – tem desde 2006 possui lei de animais comunitários, e iniciou em 2014 o cadastro efetivo de todos os animais comunitários. São 58 atualmente, monitorados. Estão em hospitais, igrejas, postos de combustíveis, hotéis, praças. São 13 casas agropecuárias parceiras de diversas formas, inclusive com descontos para animais adotados. Há 20 lares temporários cadastrados e recebem ração, vermífugo, antipulgas e atendimento veterinário. Vários setores da cidade estão comprometidos em cuidar dos bem-estar dos animais que vivem nas ruas. Há três educadores caninos que são parceiros para avaliação comportamental, para estabelecer atividades de adestramento e encaminhamento de animais com características de agressividade para adoção.
– Barueri (categoria gestão eficiente de instalações de triagem e realocação) – cidade melhorou sua gestão de suas instalações de triagem. Tinha um canil municipal em 2000 e, em 2005, inaugurou um Centro de Castração de Cães e Gatos. Em 2012, foi inaugurado um novo Centro de Controle de Zoonoses e Bem-Estar Animal, que mais tarde se transformou no Centro de Proteção ao Animal Doméstico. Na nova estrutura passaram a ter um número muito maior de canis individuais e gatis com área de solarium. Atualmente possuem capacidade para o manejo de mais de cem animais em cada unidade. Há adestradores e áreas de lazer para as atividades de socialização, brincadeiras e adestramento de cães. Implementam a castração precoce e aplicam vacinas para filhotes que chegam, além de investir em enriquecimento ambiental. Cidade tem programa de passeadores voluntários a cada três dias.
– Ponta Grossa (saúde pública de qualidade) – há veterinarios trabalhando no programa de residência em medicina do coletivo com outras profissões da area da saúde. Ficam dentro dos postos de saude e ajudam a orientar a população, além de fazerem visistas a residnecias com agentes comunitarios de saude. Estão cadastrando pessoas carentes e identificando acumuladores.
– Maringá (categoria ideia inovadora para promoção do bem-estar por meio de ações do manejo de populações de cães e gatos – subcategoria – inovação tecnológica) – desenvolveram aplicativo lançado em maio de 2019 que integra prefeitura, cidadão, ONGs, protetores independentes e clínicas credenciadas para cirurgias. Esse sistema permite a gestão informatizada do controle populacional de cães e gatos e gera censo populacional e banco de dados da população dos animais, entre outros pontos.
– São Paulo (categoria idéia inovadora para promoção do bem-estar por meio de ações do manejo de populações de cães e gatos – subcategoria – inovação durante pandemia Covid-19) – implementou medidas para diminuir o impacto nos animais das populações mais vulneráveis, como distribuição de 13 toneladas de ração para alimentar animais em situação de vulnerabilidade, implantação da emissão de termo de castração de forma online para facilitar o atendimento e a continuação das castrações, de sistema de adoção com triagem online, e a inauguração de mais um hospital veterinário público, na zona sul.
Criado pela Proteção Animal Mundial, o prêmio tem apoio do OIE (organização mundial de saúde animal), do Instituto Medicina Veterinária do Coletivo, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais e da Coalizão Internacional para o Manejo de Animais de Companhia. Nesta edição, a Panaftosa-OPAS/OMS apoiou no processo de avaliação dos projetos.