Conheça os cães treinados para detectar Covid-19 na Rússia
Cães treinados para farejar coronavírus já foram colocados em aeroportos de Dubai e da Finlândia para auxiliar a conter a Covid-19.
A Rússia também aposta em um projeto com os animais, e usa “cães chacais”, que têm faro poderoso.
Leia reportagem de Victoria Loguinova-Yakovleva, da agência AFP.
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Perto de Moscou, “cães chacais”, raça criada por um cientista na época soviética, são treinados para detectar pessoas com Covid-19 em aeroportos, enquanto a Rússia registra forte aumento de casos do coronavírus.
No laboratório do centro de adestramento canino de Khimki, a noroeste da capital, uma pequena cadela cinza cheira uma dúzia de frascos de amostras de urina.
Posteriormente, o animal designa um deles e como recompensa recebe um pequeno pedaço de carne.
Para aprender a reconhecer o vírus, os cães se exercitam com a urina por ser “a substância mais pura, sem odores estranhos de cosméticos ou perfume”, explica Elena Batayeva, diretora do centro de adestramento canino da empresa russa Aeroflot.
Segundo a responsável, o vírus não tem cheiro, mas a urina do doente tem um odor diferente. No entanto, não há risco de contágio para humanos ou cães participantes desses exercícios.
“Os adestradores não trabalham com o vírus. A urina não o contém. Isso foi verificado e confirmado” por pesquisadores russos do centro Vektor, na Sibéria, que desenvolve uma das vacinas contra a Covid-19, lembra Batayeva, durante apresentação à imprensa na sexta-feira (9).
O CEO da Aeroflot, Vitali Saveliev, indicou recentemente que os cães podem detectar um caso positivo de coronavírus simplesmente cheirando a máscara de um passageiro de avião ou uma amostra de sua saliva.
Este projeto, que visa reforçar a segurança sanitária nos aeroportos, coincide com um forte surto de casos no país.
Na sexta, foram anunciados 12.126 novos casos, saldo que supera o pico de maio, quando o país estava confinado, o que não ocorre hoje.
Desde o início da epidemia, a Rússia registrou oficialmente 1.272.238 casos, 22.257 deles fatais, o que a coloca em quarto lugar no mundo em número de casos.
RAÇA RECRIADA
O centro de adestramento canino da Aeroflot tem um total de 69 “chalaikas”, raça obtida na época soviética por cruzamentos de cães e chacais, mas que não foi oficialmente registrada na Rússia até dois anos atrás.
Esses cães, que têm um olfato particularmente sensível, patrulharam nos últimos anos os aeroportos de Moscou para detectar explosivos.
Em um pequeno terreno cercado, uma cadela vermelha, Yara, gira animada ao redor de um carro e rapidamente encontra uma caixa de metal que imita o cheiro de explosivos, escondida sob o veículo.
“Esses cães aprendem rápido e são capazes de sentir um cheiro a 1,5 metro de distância”, diz Batayeva.
Inicialmente, os “chalaikas” foram concebidos em 1977 pelo biólogo Klim Sulimov.
“Era uma época em que surgiam os problemas do tráfico de drogas na URSS. Os cães comumente usados pela polícia (laikas) tinham dificuldade para trabalhar nos climas quentes” das repúblicas soviéticas da Ásia Central, explica Batayeva.
O cientista Sulimov decidiu então cruzar o laika, tradicional guardião das renas no norte do país, com o chacal que vive nas regiões do sul.
Após a queda da União Soviética, a população chalaika praticamente desapareceu, mas os adestradores da Aeroflot decidiram recriar a raça através de novos cruzamentos de cães e chacais.
O chacal “pai” que deu vida a várias gerações de “chalaikas” continua a morar no centro de adestramento de Khimki.
Os primeiros resultados desse experimento para detectar o vírus devem ser conhecidos no início de dezembro.
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