Em missão diária, moradora alimenta e improvisa cama para vira-lata pernoitar diante de prédio em MG

Lívia Marra

Cláudia Collucci

SÃO LOURENÇO (MG)

A vira-lata Loba vive nas ruas de São Lourenço (MG), mas há um ano tem lugar certo pra pernoitar. Todos os dias, entre as 16h30 e as 17h, a aposentada C., 67, retira da garagem do prédio onde mora uma caixa forrada com cobertor e a coloca na calçada.

Em geral, Loba já está ali, à espera do jantar e da cama quentinha. Após se alimentar, se acomoda e ali permanece a noite toda.

Entre as 5h30 e as 6h, a aposentada retira a caminha, serve o café da manhã, e Loba volta para as ruas.

Mas sempre permanece nas redondezas. Se a aposentada sai para dar uma caminhada ou ir ao mercado, Loba aparece e a acompanha até o destino e, depois, na volta para a casa.

A mulher tem o hábito de alimentar cães que vivem nas ruas. No início, desconfiada, Loba se recusava a comer o que a aposentada lhe oferecia. Aos poucos, porém, foi ficando menos arisca até que um dia aceitou a comida na boca.

Na vez seguinte, acompanhou a aposentada até o prédio onde ela mora. “Foi ela quem me escolheu”, diz C., que prefere não se identificar.

“Vão falar que eu estou fazendo isso porque quero aparecer. Não gosto de exposição.”

Como Loba passou a permanecer a noite perto do prédio, a aposentada teve a ideia de improvisar um abrigo para ela.

Cadela deitada dentro da caixa, que serve como cama e casinha improvisadas
Cama improvisada da vira-lata Loba, em calçada em frente ao prédio da aposentada (Cláudia Collucci/Folhapress)

Alguns moradores não gostaram e já reclamaram da presença da cadela. A aposentada afirma que gostaria de adotar Loba, mas as regras do condomínio impedem a presença de cães do seu porte.

Segundo C., também seria complicado acomodá-la no apartamento de um dormitório em que vive com a filha.

Enquanto não encontra uma solução, a aposentada continua cuidando de Loba como se vivessem sob mesmo teto.

A carteira de vacinação está em dia e a cadela é levada ao veterinário sempre que necessário. “Um dia ela apareceu com o focinho inchado, precisou tomar antibiótico. Também sempre dou remédio contra os carrapatos.”

Cláudia Collucci é repórter. É mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós-graduada em gestão de saúde pela FGV

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