Busca por adoção de animal dispara no Google, mas ONGs sentem efeitos da pandemia

Lívia Marra

Adotar um animal de estimação e deixar a quarentena menos solitária e pesada está nos planos de muita gente nesta pandemia. Mas abrigos pertencem lotados de cães e gatos à espera de uma família.

O isolamento e incertezas provocados após os primeiros casos da doença no Brasil, levaram a uma queda nas adoções. Com os meses, pedidos voltaram a aumentar, mas ainda em número inferior ao registrado antes da chegada do vírus, segundo protetores.

A tendência também foi observada na internet. Após baixa em março, o interesse de busca pelos termos adoção de animais, adoção de cachorro e adoção de gatos passou a subir gradativamente a partir de abril. Agora em junho, o interesse já é o dobro do registrado em março e 73% maior que a média mensal dos últimos dez anos, segundo dados do Google Trends.

Ainda de acordo com a empresa, o interesse em filhotes também está em nível recorde. Os cuidados aparecem em perguntas mais buscadas sobre o termo. As pessoas querem saber como cuidar, como adestrar, como cuidar, como fazer o filhote parar de morder ou de chorar.

Apesar desse movimento, o abandono é crescente no país. A preocupação de protetores é que animais adotados durante a pandemia sejam colocados nas ruas depois, com a volta da rotina ou em consequência da crise.

Sao animais adultos que sobram em abrigos, geralmente resgatados vítimas de abandono e maus-tratos.

A ONG Cão Sem Dono, que acolhe cerca de 500 animais em São Paulo, viu doações e ajuda financeira caírem após a pandemia, enquanto os pedidos de resgate aumentaram. Em março, com feiras suspensas por causa do vírus e do isolamento social, nove cães foram doados —com os eventos ativos, eram cerca de 25 no mês.

Publicações em rede social ajudaram a divulgar animais que buscam uma família. Com o tempo, o número de adoções voltou a subir, mas ainda é 35% menor do que antes do coronavírus, estima Vicente Define, diretor do grupo.

Situação parecida é enfrentada pelo Clube dos Vira-Latas, que também tem aproximadamente 500 animais sob sua responsabilidade e aponta a falta de ajuda financeira como preocupação.

No início da pandemia, poucas adoções se concretizavam, apesar da procura. Mas a soma, desde então, é de 38 animais que ganharam uma casa. Para Claudia Demarchi, presidente da ONG, os números são reflexos do home office e disponibilidade do tutor para ficar com os bichinhos.

Fotos para os candidatos a adotantes são enviadas até por WhatsApp. Depois, a entrega é feita no abrigo, com todos os cuidados de distanciamento.

GATOS

De acordo com o Google, o interesse em gatos em junho já é 33% maior que o registrado no mesmo mês no ano passado. Já o interesse em cães é 27% maior.

No interior de São Paulo, a Alpa Limeira sentiu esse movimento. Segundo Cassiana Fagoti, presidente da ONG, houve aumento apenas nas adoções de felinos.

O grupo investe em fotos, vídeos e textos nas redes para atrair adotantes, mas, apesar de relatos de interesse, a maioria não retorna ao processo para poder levar um animal para casa.

Assim como as outras ONGs ouvidas pelo blog, a Alpa amarga redução nas adoções e doações financeiras. O grupo é responsável por 58 animais, sendo 17 gatos.

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