Pode passear, abraçar o pet? Veja o que pode e o que não pode em época de coronavírus

Lívia Marra

Áreas isoladas, eventos cancelados, escolas fechadas, trabalhadores em home office. A pandemia de coronavírus deixa dúvidas, e a quarentena afeta o dia a dia também dos pets.

Se a recomendação é não sair de casa, e o isolamento social é regra para conter o vírus entre os humanos, como ficam as brincadeiras com os bichos, os lambeijos, as voltinhas?

Segundo o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária), passeios curtos podem ser mantidos, desde que sejam curtos, longe de aglomerações em parques ou praças e estejam asseguradas as medidas de higiene.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que não há evidências de que cães, gatos ou outro animal de estimação possam transmitir a Covid-19 e que continua monitorando pesquisas. Ainda assim, a orientação é para que pessoas que contraíram a doença evitem contato direto com seus pets e façam quarentena de convivência com eles.
Isso porque o tutor ou outro infectado, ao espirrar ou tossir, pode espalhar partículas com vírus sobre os pelos. Se alguém brincar com o animal e levar as mãos ao rosto em seguida fica exposto ao Sars-Cov-2. Assim, de acordo com o CFMV, não há garantia de que não haverá transmissão se alguém tocar na pelagem contaminada.

Enquanto não houver medidas restritivas mais drásticas e os passeios ao ar livre estiverem garantidos, é importante limpar as patinhas e os pelos do cachorro logo após a voltinha ou pet park para evitar que o vírus tenha uma porta de entrada por essas áreas, afirma a veterinária Adriana Souza dos Santos, clínica geral da AmahVet, em São Paulo.

Tyson, 4, e Ronda, 2, ambos da raça buldogue francês, já perceberam que algo está mudando no dia a dia. A tutora, Walena Guergik, afirma que mantém os passeios diários, mas reduzidos, e incorporou o álcool em gel às saídas, para sua proteção. “O tempo [do passeio] diminuiu bastante. Só uma voltinha mesmo na região e nada de contato com outras pessoas. Além do cata-caca, agora o álcool em gel está sempre presente. E, chegando em casa, a limpeza das patas é imediata”, afirma.

A veterinária recomenda, porém, que as pessoas sigam as orientações das autoridades e evitem sair de casa neste período em que os números de casos de coronavírus estão ascendentes no país.

Resultado do isolamento provocado pela Covid-19, cães e gatos ganharam a família por mais tempo dentro de casa. Se é impossível ficar sem dar e receber carinho dos pets, melhor aumentar o rigor na higiene.

“O que temos nos regrado é fazer higiene das mãos com muito mais frequência. É importante manter uma rotina saudável também para os animais que estão com a rotina alterada na quarentena e oferecer enriquecimento ambiental com chifres, cascos e recheáveis. É hora de estreitar laços e aproveitar pra ensinar novos truques ao seu melhor amigo”, diz a tutora, que tem em casa também o gatinho Zen.

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Tem dúvida sobre o que pode e o que não pode fazer com o pet? Confira respostas da veterinária e as recomendações do CFMV.

ROTINA

 

As orientações da Organização Mundial da Saúde devem ser seguidas, e a população precisa evitar aglomerações e contato social. Mas o tutor não infectado pode manter passeios com o cachorro.

Pessoas em quarentena determinada pelo médico devem evitar contato com o animal —como beijos e carinhos após espirrar ou tossir— porque podem  contaminar seu pelo com o vírus.

Zen, Ronda e Tyson (Arquivo Pessoal)
Zen, Ronda e Tyson (Arquivo Pessoal)

PASSEIOS

 

Enquanto não houver medida restritiva de circulação, pessoas não infectadas podem passear com seus cães em praças, parques ou pet parks. O Conselho Federal de Medicina Veterinária reforça que passeios devem ser reduzidos e feitos em pequenas distâncias, para evitar exposição ao vírus, e afirma que todas as recomendações dos órgãos públicos de saúde devem ser seguidas rigorosamente.
Tutores devem evitar locais cheios e não manter contato direto com seu pet ou outros animais, já que eles podem ter o pelo contaminado pelo vírus por alguém que espirrou ou tossiu sem proteção, afirma a veterinária da Amahvet.
Como prevenção, deve ser evitado o contato direto com o animal recém-chegado da rua. As patinhas e o pelo do animal devem ser higienizados após o passeios, para evitar que o vírus tenha uma porta de entrada. Segundo Adriana, podem ser usados lenços umedecidos antissépticos ou água e sabão.

NECESSIDADES NA RUA
No caso de animais que só fazem xixi e cocô na rua, a orientação é manter a saída rápida de casa, apenas para que ele realize as necessidades fisiológicas. Evitar contato social é fundamental.

ABRAÇO E LAMBEIJO
A recomendação é evitar proximidade com o bicho porque o contato de uma pessoa infectada pode deixar o vírus em sua pelagem. Contra uma possível transmissão, lave bem as mãos antes e depois de interagir com o animal.

MÁSCARA

Não há necessidade de máscaras para cães e gatos, já que o vírus associado à Covid-19 é diferente daquele já conhecido no meio veterinário e que provoca vômitos e diarreias nos pets –e não é transmitido aos humanos.

BANHO E TOSA
Para o CFMV, tutores devem reduzir a frequência de banhos e tosas de seus pets para diminuir, assim, a circulação das pessoas. A higiene deve ser feita, preferencialmente, em casa.

LIMPEZA
A pessoa infectada não deve ter acesso aos brinquedos dos animais já que, na maioria das vezes, é preciso pegar o objeto com as mãos para divertir o pet.
Segundo Adriana, a lavagem dos brinquedos que tenha contato direto com a boca do animal deve ser feita antes e após a brincadeira. Evitar que o animal chegue do passeio e vá direto para a caminha também não é recomendado pois pode trazer em seus pelos o vírus e dispersar posteriormente pela casa e acometer os moradores.

QUARENTENA E ESTRESSE
Se o animal tem uma rotina de passeios e interação com o tutor, uma mudança abrupta na rotina pode provocar estresse.
Pessoas saudáveis não devem isolar seus pets, mas precisam seguir as determinações sanitárias impostas pelas autoridades.

CONSULTA VETERINÁRIA
Para o CFMV, o atendimento em clínica deve ser, preferencialmente, agendado e com a presença de apenas um responsável para evitar a concentração de humanos na área de espera.

Colaborou Naná DeLuca

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