Viajar com ou sem o pet? Hospedagens incluem atividades, piscina e relatórios para o tutor

Lívia Marra

Viajar com o pet ou sem ele? Deixar em hotelzinho, hospedagem, amigos ou parentes? Se ele for, vai aproveitar? Se ficar, será bem cuidado?

Esse é o dilema de muito tutor na hora de arrumar a mala. A decisão nem sempre é fácil, mas alguns pontos precisam ser levados em conta, como idade, estado de saúde e temperamento do animal.

Se o bicho for incluído no passeio, seu bem-estar deve ser assegurado. Há hotéis totalmente pet friendly, onde o peludinho pode frequentar todos os locais com a família e se divertir à vontade. Outros restringem o acesso em áreas comuns e há, ainda, aqueles que permitem o animal apenas no quarto ou em canis.

No caso de hospedagens e hoteizinhos, as dicas são buscar indicações e conhecer o lugar pessoalmente antes de deixar o pet.

“Na visita, os tutores devem sempre avaliar a higiene, o espaço, as instalações, os monitores e o comportamento dos cães que estiverem no hotel”, afirma a veterinária Natália Gouvêa, da Clínica Soft Dogs e Cats, em São Paulo. Segundo ela, é imprescindível também verificar a reação do próprio animal.

Questionar sobre a presença de um veterinário de plantão para eventuais necessidades é outro ponto a ser avaliado.

Caso a escolha seja deixar o cachorro com pessoas que hospedam animais em suas casas, é importante que o pré-encontro seja realizado. Assim, tutor e anfitrião podem trocar impressões, além de perceber se o peludo fica à vontade.

Independentemente da opção, o pet deve estar com a saúde protegida —com vacinação em dia, vermifugado e prevenido contra pulgas e carrapatos.

ROTINA

O spitz Charlie, de um ano e quatro meses, não fica sozinho nunca. Está sempre com os pais ou na casa dos avós humanos. Quando não tem jeito, vai para a creche durante o dia. Ou para o hotelzinho, se precisar ficar mais tempo.

No começo deste ano, o doguinho ficou doente e precisou ser internado. Passou quatro dias no Hospital Veterinário Sena Madureira, na zona sul de São Paulo, que também possui hospedagem. Agora, é ali que ele fica quando os tutores precisam sair.

Deixar o spitz em um hotelzinho pela primeira causou certo incômodo. “Não é medo porque a gente já tinha confiança. Mas dá um aperto no coração”, diz Wellington Torres da Silva, 36. “[A gente pensa] se ele fica triste, se acha que está sendo abandonado”, completa Karina Reis  Hameury, 34.

Karina, Wellington e o spitz Charlie

A estadia no hotel ou na creche segue uma rotina que respeita dieta do animal e inclui brincadeiras e atividades, sempre monitoradas. Charlie adora, diz a tutora.  “Ele brinca, interage com os outros animais. Volta para casa cansado.”

O casal afirma que já reservou a hospedagem do cachorro durante as celebrações de fim do ano. Eles não vão viajar, mas, por precaução, preferem deixar o animal no hotelzinho. “Na festa tem sempre alguém que dá alguma coisa que ele não pode comer, por exemplo”, afirma Silva.

Para ficar perto e para garantir o bem-estar de seu pug, a bancária  Isabelle Miranda, 31, já experimentou de tudo e viajou de carro e de avião com Klaus, 3.

Ela conta que, quando procura um destino, a primeira coisa que pesquisa é se o hotel aceita animais. O pug, de 3 anos, já fez trilhas e se divertiu com monitores em um hotel fazenda em Minas. Mas, às vezes, ele precisa ficar em São Paulo. As opções, então, são deixá-lo com um anfitrião ou com amigos.

Para ficar tranquila, a bancária pesquisa em aplicativo anfitriões mais bem avaliados —já tem alguns “de confiança”— e prefere os que moram em apartamento. Para ela, o pré-encontro vale não só para conhecer a pessoa que hospedará seu cachorro, mas para saber se no imóvel há algo que o pet possa quebrar ou se machucar.

Um casal de amigos, que também tem um pug, é alternativa. Klaus já está acostumado e se dá bem com o amiguinho de quatro patas, mas, segundo a tutora, ele sempre fica um pouco “rebelde” e faz xixi onde não deve. “Acho que ele tenta mostrar que é o alfa”.

Já a estudante de medicina veterinária Valquíria Bandeira Zwicker, 28, conhece bem os dois lados da hospedagem: recebe animais em casa e também precisa de ajuda com Lisa, sua pastora alemã de 5 anos, quando viaja.

Valquíria e Lisa

Valquíria diz ter dificuldade para deixar a cadela em creches, devido ao porte. Ela conta que certa vez deixou a pastora alemã com um cuidador, mas não teve uma boa experiência. Assim, decidiu não deixá-la mais com estranhos. Levará Lisa para a casa de seus pais, no interior paulista, durante sua próxima viagem, para Maceió.

Como anfitriã, ela diz que recebe de dois a três cachorros simultaneamente, conforme porte e necessidade. Afirma que seus receios em relação a Lisa são parecidos com os que ouve de clientes. Admite que o tutor se sente inseguro em deixar o animal com um desconhecido, mas que, com o tempo, adquire confiança. Um dos pets cuidados por Valquíria tem agora um ano e meio, mas frequenta sua casa desde os dois meses.

Muitos dos bebês caninos trocam os dentes longe dos pais humanos. Por isso, ela recolhe e entrega em caixinhas decoradas à mão os dentinhos de leite dos filhotes, que caem no período em que está sob sua guarda. “É um gesto de amor”.

A universitária afirma que evita deixar os animais sozinhos e que faz diferentes atividades, sempre com aval dos tutores –como dia do sorvete (de carne ou frango) ou dia no parque. “Tem dono que não gosta que leve para passear”.

O veterinário Felipe Maia de Sousa, 27, que hoje em dia atua apenas como anfitrião da DogHero, também afirma que respeitar a vontade do tutor é regra. Ele diz que as recomendações sobre comida, passeios e até o lugar onde o animal costuma fazer xixi devem ser incluídas na rotina.

Tutor da pit bull Tequila, de 1 ano, Souza mora em um imóvel grande e pode receber até dez animais de uma vez. “Eles têm acesso total à casa, sobem no sofá”, afirma.

Para ele, o porte não é pré-requisito para a hospedagem, mas o animal deve ser sociável com outros pets e com pessoas.

Sousa lembra já ter presenciado uma confusão entre os hóspedes. Foi por falta de aviso do tutor, afirma. “Tive um problema no começo porque o rapaz não me avisou que não podia por um brinquedo. Tirou [o brinquedo], acabou o problema”.

A advogada Giuliana Rosin Santos Abreu, 30, diz que sua border collie Pituca, de um ano e meio, está tão acostumada com o anfitrião que quando entra pelo portão nem olha para trás. “Ele vai mandando foto, vídeo. A gente sabe que está bem cuidada (…) Ela volta morta, acho de tanto fazer exercício, brincar.”

Tranquila, Pituca também viaja de carro sem problemas. “Ela dorme”, diz Giuliana.

HOTEL OU SPA?

Aplicativos dão opções para hospedagens, day care e até passeios. Na DogHero, e no Pet Anjo, o pernoite custa, em média, R$ 50. Os preços, porém, variam conforme o anfitrião e a região.

Já entre os hoteizinhos para animais há opções mais simples e aqueles que oferecem praticamente um spa para o pet. Há suíte privativa, piscina, ofurô, jogos, monitores, acompanhamento por vídeo e relatórios diários aos tutores. Basta avaliar o que cabe nas necessidades –e no bolso.

O Hospital Veterinário, Pet Shop & Hotel Sena Madureira, na Vila Mariana, se define como o primeiro Pet Hotel seis estrelas do país. As baias —ou suítes— são decoradas, têm televisão com programação própria para animais e contam com abajures com luz azul, ligados durante o período noturno para acalmar os pets. O ambiente é climatizado e tem vidros à prova de som. São 13 “suítes” —que podem acomodar até dois cães da mesma família. A diária inclui atividade física e monitoramento veterinário. O valor é de R$ 120 por dia, de 1 a 20 de dezembro, e de R$ 160 de 20 de dezembro a 6 de janeiro.

Área de hospedagem do Sena Madureira (Lívia Marra/Folhapress)

A unidade Ricardo Jafet da Petz também conta com hotel e day care. Com capacidade para até 50 cães, tem 20 quartos individuais, onde pets da mesma família podem dormir juntos, e quartos coletivos. Os hóspedes são acompanhados 24 horas e participam de atividades. O tutor recebe três relatórios diários por WhatsApp, com fotos e vídeos. Mas há regras: machos devem ser castrados, e fêmeas não pode estar no período do cio. As diárias do hotel são R$ 150 na alta temporada (janeiro, fevereiro, julho, dezembro e feriados prolongados); R$ 120 na baixa temporada.

Área de hospedagem da Petz (Divulgação)

Na ComportPet, em Cidade Vargas, também zona sul, os cães são separados em grupos –filhotes e pequenos, cães grandes e idosos– e há cronograma de atividades para cada um deles. O café da manhã é a partir das 7h, depois há descanso e, então, começa a programação, que inclui bolinhas, frisbee, agility e, durante a tarde, piscina e recreações com gelo e frutas. Os valores variam entre R$ 100 e R$ 150, dependendo do período.

Em Higienópolis, o Clubinho do Pet tem diária de R$ 160 até dia 20, e de R$ 190 do dia 20 até 1ª de janeiro. O local só aceita cães de pequeno e médio porte –até 15kg– e não trabalha com baias ou gaiolas — os animais dormem com as monitoras.

Se engana quem pensa que hotelzinho é só para cachorro. Embora mais caseiros e independentes, gatos também podem precisar hospedagem na ausência do tutor. Há lugares específicos para felinos, com proteção em janelas para evitar escapadas e brinquedos próprios para a espécie.

Na Mamãe Gato, na zona sul da capital paulista, os quartos são divididos por categorias —vip, premium, standard plus e standard. O forCATS, na zona oeste, também tem acomodações conforme o número de felinos por família e câmeras de monitoramento. Ambos estão esgotados para o fim de ano. Mesmo a DogHero oferece hospedagem para felinos, além de um serviço de pet sitter para atender os bichanos.

(Foto no alto: Rubens Cavallari/Folhapress)

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