‘É uma parte de mim’, diz tutora; conheça três mães de cachorro

Lívia Marra

Ser mãe é se preocupar com saúde, educação e lazer do filho. E é sinônimo de amor incondicional. Mas isso não só com humanos. Mãe de pet também sente assim.

São noites sem dormir quando o animal fica doente, viagens canceladas e planos alterados para não deixar o bichinho sozinho. Mas essa relação também é recheada de carinho e cumplicidade.

E de mimos. Os gastos vão além da alimentação e veterinário, e os pets ganham uma infinidade de brinquedos, roupinhas, caminhas e até perfumes.

O blog conversou com três mamães de cachorros. Elas falam sobre a amizade, a preocupação com o bem-estar, a felicidade de ver o animal satisfeito e a saudade quando ficam longe.

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Ana Andrade, 29, mãe do shih tzu Frederico, 1

O Frederico é shih tzu. Porém, ele tem uma deficiência, nasceu com uma mutação genética chamada smooth coat [condição que altera a aparência do cachorro].

De imediato, ao nascer, não dá para a gente perceber. Mas a mãezinha parou de amamentar ele. Então, eu peguei o Frederico. Ele estava muito fraquinho, foi rejeitado.

Quando ele começou a crescer, me disseram que ele era muito feio. Publiquei a foto em um grupo de Facebook, porque todo mundo estava publicando foto de filhotinho, e disseram que ele tinha defeito. O pessoal falou que ele era feio. Fiquei tão chateada! Então, comecei a fazer um Instagram com foto para minha família ver, e começaram a achar ele bonitinho.

Eu me considero muito mãe de pet, demais. É um filho, é uma parte de mim. Eu tenho todas as preocupações com bem-estar, com cuidado. E eu me sinto mais realizada com ele em casa. Sempre  tive cachorro, sempre peguei [animais] em situação abandono. Quando fui buscar o Frederico, fazia uns meses que na minha casa não tinha cachorro. A casa estava vazia, estava ruim, eu estava me sentindo vazia, não estava bom de jeito nenhum. Quando ele chegou, tudo mudou, tudo melhorou.

A gente tem uma ligação muito grande. E ela é muito valiosa porque não envolve palavras, mas sentimento. Uma troca de olhar já explica tudo. É intenso, é forte, é profundo. É a melhor coisa do mundo.

Ele me ensina cada dia mais sobre amor incondicional. Eu me tornei uma pessoa muito melhor depois de ter cachorro porque passei a enxergar o mundo com mais empatia. Trouxe mais amor, e eu acabo exteriorizando isso.

Minha grande preocupação é com a saúde dele. E também de ficar sem ele.

Eu compro muita coisa para o Frederico. Minha maior preocupação é com qualidade da ração, medicação, veterinário. E isso é muito caro, é mensal.

Ele tem um guarda-roupa inteiro. Tem roupa, muita meia, tem várias coleiras, muito perfume. Mas eu tento não acumular. Ele ganha muita coisa de marcas para fazer foto, e eu sempre doo. Ele é blogueirinho, é influencer, mas com o propósito também de ajudar outros aumiguinhos.

Eu gasto mais do que imaginava. Mas quando eu peguei ele, estava doentinho, precisava dar mamadeira, eu já imaginava. Peguei para cuidar. Tem que ter responsabilidade.

Deixo muito de sair por causa dele. Ele tem medo de fogos. A gente só viaja de final de semana, em locais pet friendly ou quando a gente consegue vaga para deixá-lo em um hotelzinho, que é de referência. Ainda não consegui fazer uma viagem de mais de três dias. Minha mãe já veio ficar com ele quando eu precisei, porque seria muito tempo para ficar no hotel. Ele adora ficar com a vovó. E ela adora também o netinho.

Ficar separada dele é ruim demais. Já fiz chamada de vídeo, e coloco no viva-voz para ver se ele reconhece. Que vê pensa: não tem juízo. Mas ele reconhece e é muito legal. Quando estou longe e vejo ele pelo video, choro de saudade.

O que ele mais gosta de fazer é passar no shopping. Ele tem as amigas das lojas, ganha presentinhos. Quando vou ao shopping sem ele, tudo mundo pergunta: cadê o Frederico? Ninguém sabe meu nome, mas todo mundo sabe o dele. E as pessoas tem como referência que eu sou a mãe do Frederico. É muito engraçado!

Ele também adora mamar na mamadeira. Ele faz dengo, chora. Quando era pequeno, ele acostumou com a mamadeira, e hoje ainda pede e tem dia que eu cedo. É leite próprio para cachorro.

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Yara Takara, 41, mãe da chihuahua Crystal, 9, do chihuahua Yuri, 8, da yorkshire Bellynha, 6, e do chihuahua Joy, 1

Me considero uma mamãe de pets porque  cuido deles com muito amor, dedicação e carinho.

Temos uma relação recheada de amor e de muito companheirismo. Brinco que são as minhas sombrinhas, pois estão o tempo todo atrás de mim.

É um sentimento tão puro e tão gostoso de sentir. Ver os rabinhos abanando quando chego em casa… essa alegria deles é mto emocionante e, claro, me deixa feliz também.

Tenho muito cuidado com relação à saúde deles, mantendo a vacinação sempre em dia e visitas periódicas ao veterinário.

Compro muitas coisinhas para eles: roupinhas, laços, brinquedos. Inclusive, montei um quartinho exclusivo para eles, com bercinhos e um pet closet com diversas roupinhas.

Gasto com eles por puro prazer. Ver o quartinho repleto de peças coloridas e vê -los brincando com os brinquedinhos que compro me faz muito feliz.

Eles ficam sozinhos quando tenho um evento, compromisso, festa ou até mesmo pelo trabalho. Ficam em turma e são muito unidos. Já quando viajo, sempre os levo comigo. Acabo optando por casas de praia, sítios ou casas de campo —lugares em  que eles possam ficar à vontade e ter livre circulação.

Quando estamos separados, mesmo por um curto espaço de tempo, eles estão sempre no meu pensamento. Mas nunca usei chamadas de vídeos, talvez por ter a certeza de que eles estejam bem, mesmo na minha ausência.

Eles são muito unidos e brincam muito  juntos. Adoram aquelas brincadeiras de morder e de correr um atrás do outro. Além de gostar de bolinhas e de ficar na bóia, brincando na piscina em dias de  calor.

Como moro numa casa bem grande , acaba sendo um parque para eles. Então, quase não saio com eles, e quando saio vou à pracinha e a um parque  em frente à minha casa. Tenho um pouco de receio pelos roubos de cães, que infelizmente tem acontecido.

Eles adoram frutinhas, principalmente maçã! De manhã já ficam preparados esperando os pedacinhos da frutinha!

Cachorro é tudo de bom nessa vida. Eles são puros, amorosos, não têm maldade e nos enchem de amor.

Eu os amo incondicionalmente, e esse amor dá um toque colorido à vida! Meus cãezinhos, meus amores pela eternidade.

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Viviane Lima, 29, mãe de Mel, 1 ano e 8 meses, e Oreo, 9 meses, ambos da raça buldogue francês 

A relação que tenho com eles é materna —o amor, as preocupações, os cuidados, a saudade quando estou longe. Eles são parte importante da minha vida, e o carinho e amor que tenho por eles são infinitos. Falo sobre eles para as pessoas com orgulho de mãe e hoje não consigo me imaginar sem eles.

Mel e Oreo são super carinhosos, bastante inteligentes, então sabem que quando o pai e eu estamos em casa é o nosso momento em família. Brincamos bastante juntos, e a gente meio que volta a ser criança com eles —rolamos no chão, corremos. Para mim, essa é a melhor parte de se ter um pet: compartilhar esses momentos. Também temos nossas horas de preguiça em que ficamos no sofá vendo um filme ou tirando um cochilo juntos.

Adoro sair para passear e fazer atividades ao ar livre com eles, encontrar os amigos humanos e caninos também.

Quando se é mãe de pet, a gente se sente bem e completa quando vemos que eles estão cansados de tanto brincar e não de tédio. Isso é muito gratificante.

Quando decidimos que teríamos um pet pesquisamos bastante. Um buldogue  pode ter problemas de saúde hereditários e, infelizmente, alguns problemas de coluna também são comuns, mas acabamos assumindo esses possíveis riscos.

Minha maior preocupação hoje é com a saúde e bem-estar deles. Fazemos o possível para evitar que tenham problemas futuros e cuidamos bastante dessa parte da vida deles. Além disso, temos uma preocupação enorme com a saúde mental deles, no intuito de que não sejam cachorros de apartamento no sentido pejorativo. Tentamos fazer o máximo de atividades, ensinar comandos, estimular a mente e dar atenção e carinho para eles sempre.

Confesso que compro muitos mimos para eles, ainda mais depois do Oreo. Comprar roupinhas para os dois combinando é um charme, mas normalmente tento focar em roupinhas funcionais. Eles têm moletons e camisetinhas para momentos de frio, por exemplo. Como acessórios compro bastante bandanas, gravatinhas, tags de identificação, coleiras, mas admito também que uma vez ou outra compro vestidinhos para a Mel. Que mãe de menina resiste, não é mesmo?!

Já brinquedos é uma outra história. Piro nessa sessão dos pet shops e nos sites, mas, quando se tem buldogue, precisam ser muito bem selecionados, pois eles têm a mordida bastante forte, então não é tudo que resiste —e podem ser até um risco para eles.

Mensalmente, os gastos principais são alimentação e saúde, mas tem um mês ou outro que isso extrapola.

Já tivemos que alterar planos por causa deles —passar em casa para dar comida ou um remédio antes de emendar um outro compromisso, levá-los juntos para não passarem o dia todo sozinhos ou por estarem em observação por algum motivo acabamos passando o dia com eles em casa. Eles são da família, então são levados em consideração quando fazemos nossos planos.

Sempre que possível eles viajam conosco, mas quando envolve avião fica mais difícil. Procuramos locais pet friendly ou mesmo parentes e amigos que aceitem recebê-los. Quando a alternativa infelizmente é deixá-los, normalmente ficam com os meus pais. Quando eles não podem, recorremos a uma amiga que atende através de um aplicativo de cuidados de pets quando os donos viajam.

Quando estou longe, acabo pedindo para enviarem fotos e vídeos deles, pois sempre ficam com pessoas de extrema confiança. Mas confesso que já falei por Skype com a Jullie, cachorrinha da minha família, quando fiquei alguns meses fora do país.

É engraçado como sentimos saudade deles quando estamos separados, como faz falta ver aquelas carinhas pidonas e carinho que eles dão para a gente. Entendo bem as pessoas quererem interagir com eles à distância.

A atividade favorita deles, com certeza, é ir ao parque, brincar ao ar livre e com outros cachorros, pois a Mel e o Oreo são extremamente sociáveis (ainda bem) e é excelente para extravazarem a energia. É notável como ficam animados quando chegamos ao lugar que frequentamos. Imagino que sentem o cheiro e já reconhecem, pois ficam extremamente animados no banco de trás do carro. Em casa gostam de brincar de correr e interagem muito um com o outro, então são como irmãos de verdade!

Amo demais ter a companhia e o amor deles! Eles são extramente carinhosos, inteligentes e sociáveis. Eles transformaram a nossa casa! Não importa se tem raça ou é SRD, tamanho ou a idade, cachorros são sempre puros de coração e o importante é conseguirmos retribuir da melhor forma tudo aquilo que eles nos dão e proporcionam todos os dias.