Chuvas aumentam risco de leptospirose também em cachorros; saiba sintomas e prevenção

Lívia Marra

-Atualizado – 29.jan.20

As chuvas, e consequentes enchentes, aumentam o risco de leptospirose em humanos e também nos animais.

A doença, que pode ser fatal, é causada pela bactéria Leptospira, presente na urina de ratos e transmitida principalmente nas inundações. Cães, bois e porcos contaminados podem transmitir a leptospirose ao homem, pela urina ou secreções.

A contaminação ocorre quando o animal  tem contato com a urina do rato que fica parada em poças d’água, esgotos, bueiros e lama. Cães também podem ser infectados pela urina, sangue ou secreções de outros animais.

A bactéria depende do hospedeiro para se multiplicar, mas pode sobreviver por até 180 dias no ambiente úmido ou na água, afirma Ricardo Cabral, veterinário da farmacêutica Virbac. “Por essa razão, a época de chuvas e enchentes é especialmente perigosa.”

Manter a carteirinha de vacinação atualizada é a melhor forma de prevenir a doença. A imunização do pet é também forma de proteger a saúde de todos que convivem com os bichos de estimação em casa, diz a veterinária Karina Mussolino, gerente de clínicas do Centro Veterinário Seres, do grupo Petz.

DOENÇA GRAVE

A doença é grave e pode acometer principalmente os rins, levando à  insuficiência renal aguda; e o fígado, provocando insuficiência hepática.

Segundo o veterinário Mário Marcondes, do Hospital Veterinário Sena Madureira, são vários os sorotipos de Leptospira, mas a manifestação da doença é semelhante na maioria deles.

Marcondes afirma que a gravidade depende da bactéria presente no corpo do animal e do bom funcionamento do sistema imunológico. No entanto, cães  com imunidade debilitada e filhotes são mais sensíveis e correm mais risco de morrer.

SINTOMAS E TRATAMENTO

Cães doentes geralmente apresentam  febre, falta de apetite, vômitos, desidratação, apatia, fraqueza, cansaço, alterações renais, hepáticas, distúrbios de coagulação. Em casos mais graves, pele e mucosas ganham tom amarelado, e a urina fica com coloração bem escura. Também podem ocorrer diarréia e vômitos com sangue. 

Em alguns casos, os sintomas podem demorar a aparecer ou se manifestarem de forma leve. Segundo Marcondes, nessa situação o risco de transmissão da doença para outros animais ou para os humanos aumenta, pois o animal mesmo sem manifestar sintomas específicos elimina a bactéria na urina e secreções.

O diagnóstico da doença deve ser feito por meio de exames de urina e de sangue. Se confirmada, o pet deverá ser isolado para o tratamento à base de antibióticos.

Gatos podem contrair leptospirose, mas raramente apresentam sintomas. De acordo com Marcondes, os casos com manifestações clinicas em felinos geralmente são observados na presença de quadros com imunidade mais baixa.

CUIDADOS E PREVENÇÃO

A prevenção pode ocorrer por meio de vacina. A múltipla (conhecida como V6, V8 ou V10) oferece proteção contra ao  menos dois sorotipos de Leptospira —os mais  comuns no Brasil. A V10 oferece proteção contra quatro tipos. “Porém, esses dois a mais não são tão frequentes no nosso país e, portanto, a vacinação pode ser excessiva nesses casos”, diz Cabral.

A imunização deve ser feita desde filhote, a partir dos 45 dias, em três doses (vacina múltipla) no primeiro ano. Depois, precisa reforço anual.

Segundo Cabral, a imunidade média que a vacinação oferece contra a leptospirose tem duração inferior a um ano. Por isso, tutores devem redobrar a atenção no caso de animais expostos a risco –aqueles com muito acesso a locais contaminados ou quintais com presença de ratos. 

Além da imunização, o tutor pode ter outros cuidados para evitar que o animal contraia a doença.

Na hora do passeio, deve evitar que ele brinque em água parada, locais de enchente ou tenha contato, principalmente, com lixo e materiais trazidos de transbordo de bueiros. “Além disso, cães têm instinto caçador e podem ter contato com roedores, principalmente aqueles que vivem em casas”, diz Karina.

A doença também pode ser transmitida por alimento contaminados. Por isso, não é aconselhável deixar a ração exposta durante todo o dia ou manter saco aberto sem proteção. Isso pode atrair roedores, que geralmente urinam e defecam logo após comer.

DICAS

Veja dicas da Petz e do Hospital Senna Madureira:

– Mantenha a vacinação contra a leptospirose em dia

– Procure o veterinário caso o pet tenha contato com água de enchente e apresente algum sintoma no período de 30 dias

– Durante os passeios, evite passar perto de água parada e o contato com lama, lixo e material trazido de transbordo de bueiros

– Não deixe sobras de ração expostas ao longo do dia ou da noite e não deixar sacos de ração abertos, sem proteção, para evitar a presença de roedores

– Não deixe fezes dos pets pelo chão. Remova sempre e limpe o local com água sanitária

– Mantenha a casa sempre limpa, assim como o local onde os animais de estimação costumam ficar

– Animais não podem entrar em contato com venenos para ratos, pois também serão atingidos. Procure uma empresa especializada em dedetização, informe sobre a presença do pet na casa e escolha procedimento seguro

– Se o cão tem o hábito de caçar ratos, é preciso educá-lo para a mudança de hábito, e há métodos de adestramento para isso. Mas, o mais importante, é prevenir para que o local esteja livre de roedores.

(Imagem: Fotolia)