‘A Caminho de Casa’ mostra amor incondicional e riscos de um cachorro na rua; conheça Bella
Bella soube desde cedo o que é ficar longe de quem se ama. Quando encontrou seu humano, pensou que teria alguém para sempre, mas eles acabaram separados, e a cadela enfrentou uma longa viagem e muitos desafios para voltar para casa.
Comovente, o filme “A Caminho de Casa” retrata o amor incondicional e mostra os perigos enfrentados por um animal que vive sozinho nas ruas.
Baseado no livro homônimo de W. Bruce Cameron, também autor de “Quatro Vidas de um Cachorro”, o filme conta com lindas imagens, um puma animado digitalmente e é narrado pela cadela.
Para o diretor Charles Martin Smith, a pureza e sinceridade dos animais deixa o trabalho mais interessante.
“O mais legal dos animais, ao contrário dos atores humanos, é que são sempre sinceros, você nunca tem um momento falso com um bicho. Há uma inocência e pureza neles enquanto personagens de um filme que eu acho infinitamente interessante. Muitas vezes, quando se fazem filmes sobre animais, as pessoas tendem, de certa forma, a impor aquilo que elas acreditam que deveriam ser. Estou mais interessado em captar como eles realmente são”, afirmou ao blog, por email.
Smith, que também é ator, já dirigiu outros filmes envolvendo animais, como “Bud – O Cão Amigo” e “Winter, o Golfinho”. O diretor diz que as duas cadelas que interpretaram Bella —Amber, a filhote, e Shelby, adulta— se adaptaram bem ao ritmo de gravações, mas que estava atento caso elas se sentissem desconfortáveis.
“Eu estava preparado para dar espaço às cachorrinhas, se elas parecessem desconfortáveis em algum momento, mas isso acabou por ser completamente desnecessário. Shelby, por exemplo, veio correndo pra mim e começou a me lamber, foi emocionante. Eu fiquei maravilhado. Sabia que íamos nos dar muito bem. Ela é uma cadelinha fantástica. E o elenco também ficou impressionado com o que os treinadores conseguiram alcançar com nossas atrizes.”
O CAMINHO
Na trama, Bella vive em um terreno abandonado com a mãe e alguns gatos e se apaixona por Lucas (Jonah Hauer-King), que visita o local frequentemente, preocupado que pudesse ser demolido com os bichos dentro.
Adotada, Bella acaba fugindo de casa ao perseguir um esquilo e fica na mira do controle de animais. Para protegê-la, a família envia a cadela a outra cidade. Sem saber que seria temporário, inconformada por estar longe do seu humano querido e determinada a encontrá-lo, a cadela enfrenta uma caminhada de cerca de 600 km, que dura aproximadamente dois anos. No caminho, enfrenta fome, saudade, os riscos que todo animal sofre nas ruas e conhece pessoas e outros animais –como um filhote de puma. E, apesar de se apegar a eles, precisa continuar a jornada para reencontrar sua família.
O filme mostra ainda o benefício da interação de pacientes com animais, ao colocar Bella com um grupo em tratamento no Hospital dos Veteranos.
É um filme para família, mas comove ainda mais quem se identifica com o elo entre cachorros e tutores. “Acredito que seja um filme para todo mundo, porque no fim é um filme sobre um amor incondicional. Claro, talvez ele te emocione mais se você entende esse elo com um animal, mas não acho que seja exclusivo para esse público”, afirma o diretor.
QUEM É BELLA
As duas cadelas que interpretaram Bella foram tiradas de abrigos – no Tennessee e na Carolina do Sul–, viraram estrelas de cinema e ganharam famílias, nos EUA. Amber interpretou Bella filhote e Shelby, a Bella adulta.
Para Teresa Miller, treinadora chefe do time da Bella, Shelby é extrovertida e tem personalidade muita parecida com a personagem.
“Inicialmente, nós nos inspiramos na imaginação de Bruce Cameron e na personagem que colocou na capa do seu livro, e a foto da Shelby vale por mil palavras. Em última análise, no entanto, não basta só ter uma ótima aparência, mas também é preciso ter um grande coração e era muito importante ter uma cachorrinha com muita energia e capacidade física para executar as sequências de ação, escalada, saltos e corridas. Mas eu também estava à procura de uma cachorra que tivesse algo em seu olhar, e a Shelby tem, você pode ver amor nos olhos dela. Não é nada tímida, é uma cachorrinha fofa e extrovertida. Acho que a personagem Bella e a Shelby têm uma personalidade muito parecida”, diz.
Shelby foi levada para a Califórnia, morou um tempo com Teresa e, aos poucos, se acostumou a conviver com os outros cães.
“Assim que ela se acostumou à sua nova casa, começamos o processo de treiná-la para atuar, que é muito diferente do adestramento típico para cães. Não é ‘senta! deita! quieta!’, não é tão preciso. Sempre parece que meus cães são muito mal treinados, porque eu permito que eles se comportem de maneira natural, enquanto eu os preparo. Eu posso dizer: ‘você pode vir aqui e sentar?’ E talvez o cachorro olhe pra mim um tempo e decida: ‘tá, acho que vou me sentar’. É daí que vem a personagem, é assim que você consegue uma ação natural. Pequenas coisas, como falar através de frases, relaxam o cachorro, e assim ela é capaz de fazer tudo de uma maneira muito mais natural.”
Para a treinadora, trabalhar com cães no cinema significa expô-los a todas as distrações para que fiquem familiarizados com o cenário. Ela afirma que para a cena da grande avalanche do filme, por exemplo, a equipe começou a trabalhar nas praias de areias da Califórnia, enterrando petiscos.
FILME E LIVRO
A estreia nos cinemas brasileiros será dia 28. É bom preparar o lencinho.
Assim como na história adaptada pela Sony, o livro que conta a história sobre a simpática vira-lata com aparência de pit bull é da editora HarperCollins e tem preço sugerido de R$ 34,90.