Seu cachorro é fujão, nervoso ou teimoso? Entenda e saiba o que fazer
Sabe aquele cachorro que tenta fugir durante o passeio, que é agressivo ou que nunca aprende a fazer as necessidades no lugar certo? Os motivos variam, e conhecer as causas ajuda a entender o comportamento do animal.
Especialistas afirmam que atitudes do tutor podem influenciar o pet, mas alguns hábitos indesejadas podem ser corrigidos —especialmente aqueles que prejudicam o convívio com outros animais ou pessoas.
Para isso, o tutor precisa identificar o problema e ter paciência para ensinar o bichinho ou, em casos mais complicados, recorrer a um adestrador —que levará em conta o porte e a raça, além da rotina do cão e o comportamento da família.
PERFIS
O especialista em comportamento animal Cleber Santos, proprietário da ComportPet, em São Paulo, lista cinco perfis de cães: fujão, furacão, teimosão, nervosão e quietão.
Veja abaixo as explicações do adestrador sobre as possíveis causas de atitudes dos pets e algumas orientações. “São recomendações gerais, mas cada caso deve ser avaliado individualmente”, afirma.
Cão Fujão
O especialista diz que há dois principais motivos para o cachorro tentar fugir durante o passeio: barulhos ou algum trauma.
No caso de sons intensos, como fogos e trovões, a reação do tutor de proteger o animal é apontada como principal causa de medo. Por isso, o especialista desaconselha pegar no colo ou tampar as orelhinhas do bichinho. “Ao longo do tempo, esse animal acaba desenvolvendo medo porque o dono está demonstrando que aquele som, barulho ou acontecimento é algo para ele ter medo”, diz.
Para Cleber, é possível dessensibilizar o cachorro a alguns sons, expondo o filhote a barulhos de trânsito, por exemplo, para que ele se acostume. Mas é importante associar a coisas positivas, como comida, para que ele entenda que o som não representa perigo –e, ao mesmo tempo, estará com foco no petisco que ganhar no passeio.
Já animais que vivem amedrontados ou tentando fugir podem ser vítimas de algum trauma. “Isso é comum entre os cães que são adotados e, muitas vezes, sofreram maus-tratos”, afirma.
A dica para tutores de cães adotados já adultos e que têm medo de sons fortes é baixar sons de trovões e fogos de artifícios e introduzir gradativamente durante a alimentação do animal, “para que ele faça uma nova associação do barulho com momentos bons e positivos”.
O especialista afirma que o treino para cães que gostam de tentar escapar deve começar em casa, para que o tutor reforce sua liderança e se torne referência. Chamar o animal e oferecer algo para ele ajuda nesse processo.
“Os cães fogem dos donos quando querem explorar, conhecer as coisas, e o dono priva isso deles. Além disso, não há uma ligação tão forte entre dono e cão”, afirma o adestrador.
Se o animal conseguir fugir durante o passeio, a ordem é não correr atrás dele. Ir no sentido contrário ou se abaixar e chamar o cão pelo nome podem dar mais resultado. “Fingir que está passando mal, fingir que está machucado não é recomendado, pois não adianta”, diz o adestrador.
FuraCão
Tem cachorro que fica ansioso e faz uma bagunça sem fim quando está sozinho em casa. Deixar brinquedos e até petiscos para distrair o animal é alternativa, assim como espalhar roupas velhas pela casa para que ele sinta o cheiro do tutor e fique mais calmo.
“A destruição de móveis e objetos pode ser causada pela própria solidão, ou até mesmo pela ansiedade de separação”, diz Cleber.
Para o especialista, creches são outra opção para cães que não se adaptam a ficar sozinhos, mesmo com adestramento. “O animal terá a oportunidade de interagir com outros cães, gastar energia, não se sentirá sozinho nem sentirá tanta falta do tutor.”
Teimosão
Filhote ou adulto, sempre há técnicas para que o cachorro aprenda a fazer as necessidades no lugar correto.
Fixar o local do “banheirinho”, longe dos potes de água e comida e do local onde o animal dorme, é fundamental.
“Muitas vezes isso acontece por que os donos não ensinaram ao cão, da forma certa, qual é o lugar adequado. Um erro recorrente, por exemplo, e trocar o jornal de lugar todos os dias”, afirma o especialista.
É importante também recompensar com petisco ou carinho toda vez que o bichinho acertar o lugar.
Manter rotina de alimentação também ajuda. “O cachorro não pode comer o dia todo à vontade nessa fase de aprendizado, pois o organismo entende que é necessário ir ao ‘banheiro’ várias vezes ao dia, e isso pode prejudicar. O filhote deve comer três vezes ao dia, e o cão adulto duas vezes.”
Nervosão
Para Cleber, há diversos motivos e graus de agressividade de um cão, e para um diagnóstico é preciso fazer um estudo do comportamento do animal.
A falta de contato com outros animais é um dos fatores. “Muitas vezes o animal apresenta esse comportamento por nunca ter se socializado com outros cães. Por isso, reagem com agressividade ou medo por não saberem o que fazer, pois é uma situação que os desconcerta e produz reações indesejadas”, diz.
Além da socialização, há outras formas de reabilitar o animal: adestramento, treinos de obediência e musicoterapia.
O ideal é que o tutor comece a condicionar o animal ainda filhote a ir a pracinhas, parques e a frequentar casas de amigos que também têm cachorros.
No caso de um animal adulto “nervosão”, pracinhas e parques podem ser ambientes estressantes. Nesse caso, o passeio deve ser em locais com menos cães, até que ele se acostume com a presença de outros animais.
Outra dica é levar algo que o cão goste –um brinquedo ou petisco– para desviar a atenção em relação aos outros cães. “Quando vem outro cão, você oferece um petisco ou uma bolinha para brincar, e deixe de dar atenção ao animal que está passando ao lado.”
Para evitar problemas, o tutor deve preferir a guia curta durante o passeio, para ter maior controle sobre o animal.
Quietão
Cães com comportamento apático, que não brincam, não fazem festa e interagem pouco também preocupam.
O animal deve procurar o veterinário e investigar possível problema de saúde se o animal se tornar quieto de uma hora para outra.
Caso o problema não seja físico, pode ser comportamental. Falta de estímulos, solidão ou pouca interação com outros animais podem ser causas desse tipo de comportamento, de acordo com Cleber.
“Cães que passam longas horas sozinhos em apartamentos, sem ter o estímulo físico e mental adequados, podem se tornar apáticos e até mesmo entrar em depressão.”
Atividades em grupo são recomendadas, e musicoterapia também ajuda.
No caso de cães idosos, é natural que fiquem mais quietos e menos sociáveis. “O animal pode ficar mais apático, mas também se tornar muito rabugento, a ponto até de ficar agressivo”, afirma.
(Imagem: Fotolia)