Apesar de pressão de ativistas, festival da carne de cachorro acontece na China

A China está, novamente, no meio de uma polêmica. Desta vez, não por disputas comerciais, mas por evento gastronômico de gosto duvidoso—especialmente para nós do Ocidente—, e que tem a carne de cachorro como atrativo.

Ironicamente, esta edição do festival de Yulin, na região autônoma de Guangxi, no sudoeste do país, coincide com o Ano do Cachorro pelo calendário lunar chinês. O evento começou no dia 21 e, por dez dias, transforma o nosso melhor amigo em ensopados e assados, servidos a apreciadores da iguaria.

A carne do animal é alimento tradicional em áreas do Sul, mas grande parte da população não tem esse hábito —também apreciado em outras regiões da Ásia. Manifestações pelo fim da matança e contra a crueldade são frequentes. Petições e abaixo-assinados realizados em diversos países, inclusive na China, pressionam, mas ainda não sensibilizaram as autoridades a intervir contra os comerciantes—afinal, o consumo não é ilegal.

Cachorro também é animal de estimação na China, e denúncias sobre animais furtados para serem levados à panela são comuns antes do evento. Contra o abate, ativistas fazem resgates em matadouros e até compram bichos expostos. Ainda assim, a estimativa é que milhares de cachorros sejam consumidos —no auge do festival, que tem cerca de dez anos, seriam aproximadamente 10 mil por edição.

Um morador ouvido pela agência Reuters defendeu que qualquer abate é sangrento, e que costumes não podem ser certos ou errados.

Mas ver imagens de peludinhos amontoados em gaiolas ou pendurados em ganchos já prontos para serem cozidos choca. Mesmo que no Brasil a feijoada seja adorada, o churrasco do fim de semana reúna amigos ou que cause comoção o resgate do boi que saltou de navio no litoral paulista, sobreviveu no mar por horas, mas acabou içado pelas patas para cumprir seu destino. Assim como na China, aqui há muito a ser pelos animais, inclusive os domésticos.