Barulhos e comemorações podem ser risco para o pet na Copa
Não são apenas os fogos de artifício que prejudicam o pets. Gritos de comemoração, apitos e agitação também afetam os bichinhos, e até reuniões de amigos em casa para assistir aos jogos da Copa podem colocá-los em risco.
O yorkshire Guto, 8, sabe como é isso. Ele tem muito medo de qualquer barulho alto que fuja de sua rotina. Assustado, costuma se esconder sob armários.
O medo pode levar a fuga –e risco de acidentes– desorientação, agressividade e deixar o animal com respiração ofegante. Em casos mais graves, ocorrem náuseas e convulsões. Animais doentes têm risco de complicações. Há casos de cães que não resistiram ao barulho de fogos e morreram.
Algumas dicas (veja abaixo) podem minimizar o sofrimento dos animais. O tutor, porém, deve deixar o bichinho em segurança e ficar atento ao seu comportamento.
Durante o Mundial, fogos e ruídos podem ocorrer a qualquer momento —e não apenas na hora de gols. Prevendo a reação do cãozinho, a professora Fernanda Oliveira, 38, vai forrar com um paninho o chão debaixo dos armários. Assim, Guto não ficará em contato direto com o solo frio. Além disso, a tutora afirma que manterá a técnica Tellington Touch, que tem funcionado com o yorkshire.
Apesar de amplamente difundido, o método —que consiste em passar uma faixa pelo corpinho do animal para reduzir a tensão— divide opiniões. Para especialistas, alguns animais podem ficar mais incomodados e estressados. Por isso, a dica é testar a técnica antes de ela precisar ser de fato usada no pet.
AUDIÇÃO AGUÇADA
Animais têm audição sensível, por isso se incomodam tão facilmente com sons. Cães chegam a ouvir até quatro vezes mais do que os humanos, e gatos ouvem em média seis vezes mais, afirma Tatiana Braganholo, veterinária e gerente de serviços técnicos Pet da MSD Saúde Animal.
Bichinhos habituados a barulhos apresentam menos reações. Expor o pet a sons altos é indicado para evitar que ele se estresse facilmente.
Há áudios que simulam fogos e podem ser colocados gradativamente na rotina do animal, diz Tatiana Braganholo.
O condicionamento deve ser associado a algo bom para o bicho, afirma Flavia Rossi, médica veterinária da Mars Petcare. “Devemos promover uma atividade prazerosa, como brincadeiras, e gradualmente expor o animal a estímulos barulhentos. Nas primeiras vezes em que o pet apresentar sinais de medo, tente associar o momento a algo positivo, oferecendo a ele um petisco ou seu brinquedo preferido como forma de carinho.”
O treinamento é ideal para filhotes e bichinhos que não apresentam nível de estresse muito alto com barulho, de acordo com o adestrador e especialista em comportamento animal Cleber Santos, fundador da ComportPet.
Ele recomenda que a exposição a ruídos seja diária e dure cerca de 20 minutos. O condicionamento pode levar seis meses, afirma.
Se não dá mais tempo para a Copa, vale começar o treino já para o Réveillon.
Para o adestrador, uma estratégia é fazer com que o cão se alimente ouvindo o som de fogos. Assim, irá associar à alimentação, a uma coisa positiva. O tutor deve ligar o som e oferecer alimentação em seguida. A associação também pode ser feita com petiscos e brinquedos.
Sem o treino, a orientação para a Copa é prevenir que acidentes aconteçam e ajudar a amenizar o desconforto do cão.
ALÉM DO BARULHO
Nessa época, barulho não é a única preocupação. Receber os amigos para assistir aos jogos é bom, mas pode deixar o animal mais agitado. E há o risco de algum convidado descuidar da porta e permitir a saída do animal. Outro problema comum em reuniões é o pet ganhar ou roubar comida.
Alguns alimentos são tóxicos para os bichinhos, incluindo cebola, uva, alho, álcool, chocolate e abacate. Os participantes da festa também devem evitar deixar restos de comida ou copos em locais onde os animais tenham acesso.
DICAS
Confira as dicas dos especialistas para ajudar seu animalzinho em situações de barulhos intensos:
– Mantenha porta fechada e deixe o animal em local seguro, com telas nas janelas ou sacadas, em local sem risco de ele se machucar, pular ou fugir;
– Certifique-se que o bichinho usa coleira com identificação correta, caso ele escape;
– Coloque algodão nos ouvidos do cão para que o barulho dos fogos o incomode menos —deve ser inserido superficialmente e retirado imediatamente ao término dos ruídos. Há também protetores auriculares próprios para pets;
– Em dias de jogos, com visitas em casa, mantenha o espaço do animal no mesmo local de costume e dê atenção, caso o pet queira. Não tente segurar o bichinho, caso ele se assuste com algum barulho. Isso pode deixá-lo ainda mais ansioso e causar agressividade. Se ele preferir ir para debaixo de algum móvel, apenas o observe para ver se ele terá mais alguma reação aos barulhos;
– Se o imóvel tiver um cômodo mais silencioso, que sirva de abrigo, pode ser uma opção. A caixa de transporte ou outro cantinho preparado especialmente para o refúgio pode ajudar o animal. Ele deve, no entanto, permanecer sob supervisão;
– Quando ele sair do esconderijo, aja naturalmente. Não faça festa, pois isso pode aumentar a agitação naquele momento;
– Respeite a reação e o espaço do animal. Não o force a receber carinho e atenção enquanto ele se abriga em algum espaço, por exemplo;
– Redobre a atenção e mantenha portas fechadas. Verifique se as telas nas janelas estão firmes, principalmente para quem tem gatos. Há casos de animais que se jogam de grandes alturas diante de fogos;
– Não repreenda seu cachorro se ele responder aos barulhos com latidos. Isso pode gerar agressividade no animal;
– Não é boa alternativa manter o animal
preso em coleiras porque ele pode tentar correr e se machucar;
– Abafe o barulho dos fogos. Feche portas e janelas e coloque uma música tranquila, que ajudará a proporcionar um ambiente mais calmo;
– Se o pet tem reações negativas a barulhos, peça a compreensão da família e amigos e evite cornetas e apitos nas comemorações;
– Evite deixar o bichinho sozinho;
– Em caso de histórico de reações mais sérias, o pet pode ser medicado, mediante orientação do veterinário, para suportar os ruídos.
(Foto no alto: O cachorro Guto/ Arquivo Pessoal)