Premiada, HQ que retrata cadela Laika chega ao Brasil

Lívia Marra

Laika fez história ao ser o primeiro animal lançado ao espaço, pelos soviéticos, há 60 anos. A cadela não aproveitou a fama, já que o Sputnik 2 não tinha tecnologia para trazê-la de volta à Terra, mas ganhou reconhecimento, homenagens e virou personagem de história em quadrinhos.

De filhote à astronauta, passando por momentos comoventes da dura vidinha, a HQ “Laika”, roteirizada e ilustrada pelo britânico radicado em Nova York Nick Abadzis, retrata a história da cadela mais famosa do mundo, em uma mistura de ficção e realidade.

A obra, que agora chega ao Brasil pelo selo Barricada, é vencedora do Prêmio Eisner de 2008 –uma espécie de Oscar dos quadrinhos.

Página da HQ “Laika” (Divulgação)

Em 208 páginas, a narrativa intensa e delicada mostra a Guerra Fria e expõe sentimentos como medo, afeto e ansiedade até pelo olhar da vira-lata –que viveu nas ruas, passou por testes e foi colocada em uma pequena cápsula rumo ao espaço.

ARREPENDIMENTO

Fora dos livros, a triste história de Laika –e seu desfecho em 1957– representou uma vitória na corrida espacial entre a União Soviética e os EUA. Na época, ela chegou a ser tratada como uma cadela corajosa, que sacrificou sua vida pelo progresso.

“Quanto mais o tempo passa, mais eu me arrependo. Nós não tínhamos estudos suficientes sobre essa missão que pudesse justificar a morte da cadela. Ela foi condenada a morrer. Não deveríamos ter feito isso”, afirmou, em 1998, o responsável pelo primeiro programa soviético de envio de animais ao espaço, Oleg Gazenko, então com 79 anos.

O experimento serviu como base para outras missões em que seres humanos foram enviados ao espaço. Mas, segundo Gazenko disse à época a uma rádio de Moscou, a Guerra Fria –e não a pesquisa científica– foi o fator determinante para levar Laika ao espaço.

Logo após a missão, autoridades soviéticas afirmavam que Laika havia morrido sem sofrer, ao receber uma droga, cerca de uma semana após o lançamento.

No entanto, informações divulgadas em 2002 pela BBC com base em declarações de um cientista do Instituto para Problemas Biológicos, de Moscou, mostram que a cadela morreu vítima de superaquecimento e de pânico, apenas algumas horas após a decolagem do satélite.