Cão deve entender que quem manda é o tutor, diz especialista sobre pet ciumento ou possessivo

Lívia Marra

Tem cachorro que não deixa ninguém chegar perto do tutor ou de um objeto. O ciúme e a possessividade podem se tornar um problema se o responsável não mostrar limites ao animal.

“A maioria [dos cães nessas condições] demonstra agressividade. A principal característica é querer morder, querer rosnar”, afirma o especialista em comportamento canino  Ricardo Tamborini.

Segundo ele, o ciúme –mais ligado ao comportamento em relação a pessoas– e a possessividade –em relação a objetos– podem ser uma consequência de atitudes dos tutores.

“Tem gente que fala que medo e agressividade são ligados a fatores genéticos. Mas o medo, a agressividade, o ciúme e a possessividade só vão aflorar no cão se estimulados”, afirma.

Esse estímulo, de acordo com o especialista, pode surgir de uma brincadeira e se agravar com falta de uma bronquinha.

“Donos muitos permissivos, aqueles que não dão bronca, que deixam o cachorrinho fazer tudo o que quer, só vão fazer com o que o animal aprenda que pode fazer tudo do jeito dele, e aí ele aprende a conseguir as coisas na hora que ele quer.”

Mas a bronca deve ser dada no momento certo –e violência, nunca. Segundo Tamborini, o tutor tem até 5 segundos após a ação para elogiar ou repreender o bichinho. Passado esse tempo, o pet não vai associar com o motivo.

“Todo cão tem que entender que quem manda na casa são os donos. E a gente não pode encarar isso de uma forma ruim. Eu [não posso pensar]: não vou dar bronca porque meu cachorro vai deixar de gostar de mim. Pelo contrário. Até certo ponto, o cachorro pode ser comparado com uma criança: quando faz algo errado, se a gente não corrigir, ela não vai entender que fez algo errado. O tutor deve mimar, brincar, mas deve haver corrigir o cão quando necessário”, afirma.

Não há como estabelecer um prazo para melhora no comportamento de um animal ciumento ou possessivo já que isso depende também do empenho diário do tutor. Em alguns casos, um especialista poderá avaliar o caso e indicar a metodologia, já que broncas “erradas” podem deixar o animal medroso ou agressivo.

“Todo cachorrinho é meio interesseiro. Tudo o que é ruim eles tendem a evitar; o que é bom, querem mais. E a companhia dos donos é bom. É um instinto de superproteção, e que, humanizando, chamamos ciúme”, diz Tamborini.

CABO DE GUERRA

Mesmo uma simples brincadeira pode ensinar o animal a morder ou rosnar.

É o caso do cabo de guerra, que pode estimular o pet a ser dominante e possessivo. Estimula a mordida, o rosnado –ao balançar o brinquedo– e passa liderança ao animal ao permitir que, no fim, ele ‘ganhe’.

Mas a brincadeira não é proibida, desde que com controle, afirma o especialista.

“Ela pode ser feita, mas dono é quem ganha o brinquedo. Se tiver rosnado, para a brincadeira. Ao dar comando para largar, o animal deve soltar o brinquedo. Tem que haver limite. Às vezes a pessoa fica com dó e deixa o animal ganhar, mas isso para liderança para ele. O cachorro vai aprender a ter posse de tudo o que quiser demonstrando agressividade porque vai achar que tudo é dele”, afirma.