Presença de animais deixa ambiente de trabalho mais agradável, diz psicóloga
Mais empresas no Brasil têm permitido que seus funcionários levem seus bichinhos de estimação para o trabalho. A ideia é ajudar a melhorar o ambiente, integrar equipe e reduzir o estresse. Mas cuidados devem ter tomados para não causar desconforto a outros funcionários e também para garantir o bem-estar dos pets.
“As empresas têm adotado a prática com o objetivo de tornar o ambiente mais agradável para os colaboradores. E tem dado certo”, diz a psicóloga Marília Zampieri. Segundo ela, estudos realizados nos Estados Unidos a partir dos anos 2000 sugerem que funcionários que levam animais para o escritório têm sensações diferentes das dos outros funcionários: a percepção do estresse, por exemplo, é mais leve.
Zampieri afirma que ‘pet days’ –quando os animais são levados ocasionalmente ao local de trabalho– favorecem mais a integração entre os trabalhadores, enquanto empresas que permitem a presença contínua dos bichinhos tendem a conseguir mais alivio do estresse.
“Ter pausas melhora e beneficia a qualidade do trabalho”, diz. A psicóloga lembra que a presença de pets como estímulo para reduzir a pressão é uma alternativa bem aceita, mas não a única.
Entre os cuidados para permitir que pets dividam o dia de trabalho com seus donos estão o temperamento e o porte do animal –os grandes podem intimidar algumas pessoas. Além disso, quem não têm afinidade com bichos não pode se sentir ‘invadido’. “É preciso respeitar que não gosta ou tem medo de animais”, afirma.
PET DAY
No fim de junho, a Nestlé realizou um ‘pet day’ pela primeira vez no Brasil, na sede, em São Paulo. Foi um dia diferente para os cerca de 2.000 colaboradores –e para os 92 cães e cinco gatos levados ao local.
Segundo Luiz Fruet, diretor de RH da empresa, houve grande preparação –com espaço e limpeza, por exemplo– e preocupação para não incomodar quem que não gosta de animais ou tem algum tipo de alergia –nesse caso, havia um espaço separado para os funcionários trabalharem. Mas o objetivo de integrar os funcionários, diz ele, deu certo.
“Dentro dessas 2.000 pessoas tinha gente que não se conhecia. E a ação [com os animais] fez essa pessoa parar e conhecer a outra”, disse ao blog.
Segundo ele, além de integrar a equipe, o ‘pet day’ também pretendia aumentar o engajamento e a motivação dos trabalhadores e reduzir o estresse. “Nunca vi tanta gente sorrindo”, afirmou Fruet.
PRESENÇA CONTÍNUA
Em Campinas (SP), os 26 funcionários da Sherman Filmes Ópticos do Brasil já estão acostumados com Efa –um braco italiano– e Jack –setter inglês–, cães de Eduardo Matos, diretor- presidente da empresa. Normalmente, eles ‘batem ponto’ três vezes por semana no local.
“Os cães acabam quebrando o gelo do relacionamento. As visitas se transformam quando veem o cachorro. Querem brincar, passar a mão, acaba quebrando um pouco da formalidade do ambiente corporativo”, afirma.
Mattos leva os animais para o trabalho desde 2009. Segundo ele, nem todos os funcionários têm afinidade com os bichos, mas a presença deixa o ambiente mais alegre.
“Nenhum funcionário explicitamente diz que não gosta ou que tem aversão, porém alguns têm menos afinidade. Então, quando eu vejo que algum funcionário não está gostando muito da proximidade, eu chamo os cachorros, não deixo ficar muito próximo”, afirma. “Às vezes, quem está meio sério ou mal humorado e vê um cachorro e faz um carinho, já alegra um pouco ambiente. Acho que o efeito em geral já é muito positivo, não tem um efeito negativo.”
O empresário diz que alguns funcionários já levaram seus cães ao trabalho, embora nunca tenha sido proposto um dia específico para isso. “Estamos pensando em implantar um cantinho pet para quem quiser levar um animal ao trabalho. Pode deixar o bichinho ali para beber água, com alguns brinquedos”, afirma.