Cães idosos têm problemas de locomoção, desorientação e mudança de humor

Lívia Marra

Leão tem 10 anos e há alguns meses começou a mancar. Diagnosticado com artrose, o chow-chow passou a fazer sessões de acupuntura para amenizar as dores.

Cães idosos exigem cuidados extras, e os tutores devem ligar a luz amarela com alguns sinais de problemas, como alteração no apetite, mudança de humor, desorientação ou dificuldade para se levantar.

“Animal prostrado, que já não faz os mesmos movimentos, não se alimenta bem são indicativos de que alguma coisa está errada”, diz o veterinário Daniel Blum Passos.

Foi o que aconteceu com Leão, que fará 11 anos em agosto. “Há mais ou menos seis meses observei que ele estava mancando, juntava as patinhas traseiras, andava com dificuldade”, diz a jornalista Giselli Souza.

Levado para exames, foi contatada também uma disfunção  renal, outro problema comum em cães “vovôs”.

A idade para envelhecimento varia conforme a raça e o tamanho. De forma geral, um cachorro de pequeno ou médio porte com 10 anos é considerado idoso; a idade cai para 7 ou 8 anos no caso de animais de grande porte.

Leão, diagnosticado com artrose e alteração renal (Crédito: Giselli Souza/Arquivo Pessoal)

Nessa fase, são comuns problemas de locomoção, periodontal, desgaste de órgãos –e doenças cardíacas e renais, por exemplo–, casos de câncer e problemas neurológicos –o bichinho pode ficar “preso” em cantos das paredes ou entre móveis.

“O dono tem que ficar atento a sintomas simples. Ingerir muita água, por exemplo, pode estar relacionado a problemas no sistema urinário; tosse, ao cardíaco”, afirma o veterinário Antonio Marquesim.

A “vocalização”, ou gritos inesperados, pode assustar os donos. “Os proprietários acham muitas vezes que é uma reação à dor, mas nem sempre isso se confirma”, diz o veterinário. É uma “comunicação” involuntária, consequência de danos neurológicos.

Também nessa idade, o animal começa a perder visão e audição.

Nesse caso, o dono não deve alterar a rotina dentro de casa e manter os móveis sempre no mesmo lugar para que o bichinho se acostume ao ambiente e evite bater em objetos.

“Podemos retardar o processo de envelhecimento, mas não evitá-lo. A recomendação é que o dono consulte o veterinário, que avaliará o ambiente e dieta ideal”, afirma Marquesim.

Para o veterinário, a terceira idade não deve ser visto como um problema.

“Não podemos associar o envelhecimento a doenças, e sim ao rumo natural da vida. É necessário que o dono esteja alerta aos cuidados e consciente que um dia isso ocorrerá, sempre dando muito amor, carinho, um bom alimento para cada necessidade e acompanhamento profissional”, diz.

De acordo com o veterinário Daniel Passos, o ideal é que um animal idoso passe por quatro consultas por ano, e duas –vacinação e prevenção– no caso dos mais novos.

“Mas percebemos que muitos donos não fazem essa manutenção e só procuram um médico quando o animal já está há dias sem comer ou andar, só em último caso”, afirma.