Abandono de cães é crescente, dizem ONGs; saiba como adotar

Lívia Marra

O número de cães abandonados têm aumentado, e a crise econômica que afeta o país contribui para esse quadro, na avaliação de ONGs.

“Pessoas chegaram a nos procurar dizendo que estavam desempregadas e não tinham condições de cuidar”, diz Cláudia Demarchi, diretora-geral do Clube dos Vira-Latas.

A ONG, com sede em Ribeirão Pires (Grande SP), abriga mais de 500 animais. “Há o problema de vagas. Se doamos dez, temos chance de resgatar outros dez”, afirma.

Para Vicente Define Neto, diretor da ONG Cão Sem Dono, quem compra ou adota deve ter em mente que o bichinho “é um ser vivo”.

“Eles confiam na gente. O tutor precisa ter consciência que animal dá despesa, que filhote cresce. Passa a ser um membro da família e precisa ter condições para manter. É como um filho”, diz.

Com capacidade para 210 animais, o abrigo, em Itapecerica da Serra (região metropolitana de SP), tem 370 atualmente.

“Se você tem condições, adote. Se você tem um animal, não abandone”, afirma Define Neto.

A ONG diz que são feitos cerca de 40 resgates por mês em estradas, a maioria na região do Rodoanel e da rodovia Régis Bittencourt.

Segundo a concessionária SPMar, responsável pelos trechos sul e leste do Rodoanel, nos últimos 12 meses, as equipes realizaram mais de 2.000 atendimentos a animais na pista. Em média, 10% envolvia animais silvestres. O restante era de cachorros –a grande maioria dois resgates–, gatos e cavalos, entre outros.

Abandono é crime previsto em lei federal de crimes ambientais,
com pena de três meses a um ano de prisão e multa. Não há, no entanto, uma estimativa oficial sobre animais nas ruas.

Na capital paulista, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) tem diversos cães para adoção –filhotes, adultos e alguns deficientes, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

ADOÇÃO

Os animais colocados para adoção por ONGs ou pelo CCZ são vermifugados, vacinados e castrados.

Os procedimentos para levar o animalzinho para casa são parecidos. É preciso ser maior de idade, apresentar documentos, passar por entrevista e preencher uma termo de responsabilidade.

O acompanhamento pós-adoção pode resultar na devolução do animal, se comprovado que não houve adaptação ou que ocorreram maus-tratos.

A ONG Cão Sem Dono (caosemdono.com.br) não doa animais para serviços de guarda em empresas ou para morarem em sítios sob cuidado de funcionários.

Neste fim de semana (4 e 5.mai), 80 animais resgatados na extensão dos trechos sul e leste do Rodoanel foram colocados para adoção
em uma feira na loja Petz da avenida Adolfo Pinheiro (Santo Amaro, zona sul de São Paulo). Do total, 28 ganharam um lar.

O Clube dos Vira Latas (clubedosviralatas.org.br) também mostra em sua página os cães à espera de um lar. Nela, o candidato a tutor encontra a história de cada um dos bichinhos.

Na cidade de São Paulo, o CCZ fica na rua Santa Eulália, 86, Santana. Atende de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados
das 9h às 15h. Interessados devem levar coleira e guia, RG, CPF, comprovante de residência e pagar uma taxa de R$ 21.

*Texto atualizado às 23h38 de 5.mai.16