Grupo faz campanha por tratamento da leishmaniose canina

Lívia Marra

Há alguns meses, a eutanásia era a única alternativa para cães diagnosticados com leishmaniose no Brasil. Porém, medicamento aprovado pelos ministérios da Agricultura e da Saúde deu esperança a tutores –e bichinhos.

Para orientar sobre esse recurso, a campanha #NãoMateTrate foi lançada nas redes sociais pela ONG Arca Brasil e pelo Brasileish –uma associação para pesquisa e orientação ao manejo clínico da doença.

“Como a aprovação do tratamento é recente, tutores e veterinários têm dúvida sobre o assunto, ou simplesmente desconhecem esta alternativa. Infelizmente, ainda há muitos profissionais que indicam a eutanásia, já que esse era o procedimento padrão até recentemente. As pessoas precisam saber que o tratamento existe e que ele é uma escolha a ser feita pelos tutores”, afirma Para Marco Ciampi, presidente da Arca Brasil.

O Milteforan, único medicamento aprovado pelo governo brasileiro, permite uma melhora clínica no animal, embora ele continue sendo reservatório da doença. Por isso, mais que tratamento contínuo, a guarda responsável é essencial, já que o bichinho precisará de acompanhamento veterinário pelo resto da vida.

“Estamos falando de uma doença crônica e muito agressiva, então é preciso que os tutores assumam a responsabilidade pelo tratamento”, explica o veterinário Fábio Nogueira, um dos fundadores do Brasileish.

O manifesto pela possibilidade de tratamento coincide com a Semana de Combate à Leishmaniose Visceral Canina. A campanha também conta com um vídeo que mostra animais submetidos à droga.

A DOENÇA

A possibilidade de tratamento não exclui a prevenção. Coleira específica e vacina podem evitar a leishmaniose e são recomendadas especialmente em áreas onde há maior risco de infecção.

Doença parasitária, é transmitida pelo chamado mosquito-palha e tem nos cães a principal fonte de infecção. Transmitida a humanos, a doença é grave, mas tem tratamento –remédio humano, no entanto, não pode ser usado nos animais.

A estimativa é que 3.500 pessoas sejam afetadas todos os anos no Brasil, e, para cada humano, haja 200 cães infectados, diz a ONG com base em previsão do Ministério da Saúde.

Anteriormente caracterizada como uma zoonose de áreas rurais, a leishmaniose tem avançado sobre zonas urbanas.

Cães infectados podem apresentar sintomas como lesões na pele ou perda de peso, mas há casos assintomáticos, o que dificulta o diagnóstico.