Quando a gente gosta é claro que a gente cuida, diz campanha; país tem 30 milhões de animais abandonados
O abandono de animais é um problema global. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que cerca de 30 milhões de cães e gatos vivam em situação de abandono no Brasil. Em São Paulo, apesar de não haver números oficiais, mais de 500 animais são recolhidos todos os meses por ONGs e instituições de proteção.
Para alertar a população sobre os riscos do abandono de animais de estimação para a saúde pública e dos próprios bichinhos, o CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo) lança a campanha ‘Quando a gente gosta é claro que a gente cuida’. O nome da ação é trecho da música “Sozinho”, do compositor Peninha, que cedeu os direitos autorais.
Abandono e maus-tratos são crimes previstos em lei, mas poucos casos são denunciados e se tornam processo (leia abaixo).
A médica-veterinária Vânia de Fátima Plaza Nunes, presidente da Comissão de Médicos-veterinários de ONGs do CRMV, afirma que a decisão de adotar um animalzinho deve ser bem avaliada, já que a relação “vai além do fator físico-biológico”.
“Os cães, por exemplo, têm necessidade de conviver com as pessoas. E quando há um rompimento, um abandono, o sofrimento psicológico acaba sendo o principal problema para eles. Por isso, é essencial avaliar a compra ou adoção de um animal doméstico com muita calma”, afirma.
Segundo o presidente do Conselho, Mário Eduardo Pulga, quando os animais não recebem os cuidados necessários, existe uma ameaça também à saúde humana e ambiental.
“Os animais abandonados estão mais suscetíveis a maus-tratos, a acidentes e, principalmente, a doenças, que podem ser, inclusive, uma ameaça para outras espécies, como animais silvestres, e para a saúde humana. Segundo a OMS, mais de 70% das doenças emergentes e reemergentes são provenientes de animais, ou seja, são zoonoses”, afirma.
Veja abaixo os panfletos da campanha:
ABANDONO
O Bom Pra Cachorro já mostrou que o número de cães abandonados têm aumentado, e a crise econômica que afeta o país contribui para esse quadro, na avaliação de ONGs.
Previsto em lei federal de crimes ambientais, o crime de abandono pode acarretar punição de três meses a um ano de prisão e multa. Não há, no entanto, uma estimativa oficial sobre animais nas ruas.
Nas épocas de festas de fim de ano e de férias, cresce ainda mais o número de animais nas ruas. São deixados para trás por famílias que vão viajar ou fogem de casa durante uma queima de fogos, por exemplo.
Para Rosângela Ribeiro, gerente de programas veterinários da World Animal Protection, falta fiscalização e educação em guarda responsável. “O ideal seria que a aquisição de um animal fosse a mais responsável possível. Ou seja, se você não adota por impulso, se você adota de uma maneira consciente e se você entende que aquele animal é de sua responsabilidade para o resto da vida e que é um crime abandoná-lo, as chances de abandono serão quase nulas”, afirma.
O problema, porém, não ocorre só no Brasil. Segundo ela, na Europa, países como Alemanha, Itália, Espanha e Portugal agora fazem campanhas anuais sobre guarda responsável é alternativas ao abandono nas férias, após vivenciar o problema por décadas.
“Na Alemanha, há estimativas que aproximadamente 30.000 animais são abandonados todos os verões. Em algumas cidades, é comum vermos cães amarrados nos guard rails das principais rodovias, enquanto a população sai para curtir suas férias na Grécia, Croácia ou Península Ibérica.”